sexta-feira, 30 de março de 2007

O vencedor

Queria escrever um post sobre essa música há um certo tempo. Sábado passado, dia 24 de março, após ter acordado meio-dia e meia (pós festa do calouro da Sanfran), eu passei algumas horas daquela agradável e fervorosa tarde ouvindo músicas antigas, mas que estavam guardadas em algum espaço de minha mente no que concerne a lembranças, no mínimo, significativas.
Ao ouvir essa listagem de canções, prendi a minha atenção ao complexo de versos e melodia que, juntos proporcionam "O Vencedor". Uma canção verdadeira, honesta e pura. Sem rebuscamentos e enfeites supérfluos.
Não me recordava de como essa música se encaixa na minha filosofia de vida. Poderia até utilizar uma expressão jurídica para descrever esta situação: a subsunção e suas premissas (incluindo a minha vida como situação fática para o caso concreto!). Acho que, pelo menos, isso foi alguma coisa das coisas que eu aprendi na faculdade...
Certamente posso dizer que se trata de uma das minhas músicas prediletas do Los Hermanos. Mas não vou me estender muito. Apenas deixo, aqui embaixo, publicada a letra da música. Para que eu não esqueça de quão representativa ela foi, ainda é e tenho certeza de que continuará a ser.
O Vencedor
Olha lá quem vem do lado oposto
e vem sem gosto de viver
Olha lá que os bravos são escravos
sãos e salvos de sofrer
Olha lá quem acha que perder
é ser menor na vida
Olha lá quem sempre quer vitória
e perde a glória de chorar
Eu que já não quero mais ser um vencedor,
levo a vida devagar pra não faltar amor

Olha você e diz que não
vive a esconder o coração

Não faz isso, amigo
Já se sabe que você
só procura abrigo
mas não deixa ninguém ver
Por que será?

Eu que já não sou assim
muito de ganhar
junto as mãos ao meu redor
Faço o melhor que sou capaz
só pra viver em paz.

segunda-feira, 26 de março de 2007

As lições de Simon

Sei que havia prometido escrever sobre Nossa Cidade, a peça que o grupo do qual eu faço parte irá montar nesse semestre na mostra intitulada “Em busca do sagrado” do Teatro Escola Macunaíma.


Mas, preciso antes escrever sobre uma das personagens que eu interpretarei nessa montagem. Trata-se de Simon Stimson. Um incompreendido. Um desiludido, mas que apenas procura ser notado, sentido e vivo.


Quando li pela primeira vez o texto, percebi que o Simon era uma figura extremamente peculiar no ambiente recatado e monótono da cidade fictícia de Grover’s Corners, no Estado de New Hampshire. Como bem diz, durante o primeiro ato, uma outra personagem da peça, o Dr. Gibbs: “ Muita gente não nasceu para viver em cidades pequenas.”


Simon, cuja profissão é regente do coro de senhoras desafinadas na Igreja Congregacional da cidade, não se adapta a esse mundo. Vive angustiado e se afoga na bebida como instrumento de consolo para as decepções e amarguras cotidianas.
Mesmo fazendo uma análise além do que o texto traz para o leitor, penso que o Simon tem a função certa para quebrar o marasmo da cidade, de modo a escandalizar e subverter os padrões moralistas reinantes no início do século XX, especialmente em um lugar onde se vive com o básico, o simples, sem abertura para o incomum.


Dada essa caracterização, eu me apaixonei naturalmente pela personagem. Apesar de haver diferenças entre mim e o Simon, eu senti que interpretá-lo seria uma doce e árdua tarefa. Obstáculos certamente dificultarão o processo de construção da personagem. Contudo, a cada dia que passa, percebo que as diferenças de personalidade vão se atenuando. Posso até afirmar que existe um Simon em mim que é despertado em momentos esparsos e não menos vivazes.


No terceiro ato, Simon, amargurado, revela a mensagem da peça após ter desperdiçado a sua vida, chegando a uma conclusão sobre esse lapso temporal apenas ao estar na convivência dos mortos.
É um sujeito singular e inebriante em todos os sentidos. Capta o mundo e suas sensações, sem ter aproveitado a vida de forma suficientemente feliz. Enxergou a desatenção dos seres humanos aos detalhes mais sublimes e exuberantes de cada momento da vida. Com certeza, é uma lição da qual jamais esquecerei.

quarta-feira, 21 de março de 2007

Simplesmente bela

É incrível como podem acontecer eventos tão inesperados em lugares inusitados! Hoje foi um dia marcado pela passagem de uma deusa pela São Francisco. A belíssima, estonteante e monumental Fernanda Lima iluminou e despertou a minha gana de sentir as emoções à flor da pele.
Estava compenetrado em uma aula corriqueira de Direito Tributário quando o meu amigo Guilherme me mandou uma mensagem e eu tomei ciência da presença mais que especial de Fernanda Lima no histórico prédio da Sanfran. Não hesitei. Saí imediatamente da sala e passei a procurá-la pelos três andares da faculdade.
Não consigo definir o que se passava na minha mente, mas posso dizer que, com o passar dos minutos, eu cada vez mais tinha vontade de me deparar com a beleza e o charme dela. Cheguei a entrar na sala do terceiro ano - turma ímpar - apenas para procurá-la.
Momentos depois, a expectativa se concretizou. Ela estava no museu do primeiro andar, sentada no sofá mais confortável da faculdade. Nem precisei de algum tempo para tomar coragem para me aproximar dela. Ao vê-la, eu simplesmente fiquei boquiaberto e não pensei duas vezes: tinha que tirar uma foto para registrar esse evento único.
Perguntei se poderia tirar uma foto com ela. Ela concordou sem titubear e me convidou para sentar ao lado dela, batendo com a palma da mão direita no sofá. Eu, no outro pólo da relação comunicativa, nervoso diante de onírica imagem, sentei perto dela, só que do lado esquerdo.
Os segundos seguintes foram cinematográficos. Poderia me alongar na descrição de Fernanda Lima, abusando das formas sinestésicas: um sorriso perfumado, seu cheiro adocicado, seu cabelo radiante encostando na minha face, etc. Mas, não é necessário. Ela é linda. Formosa. Fez meu coração disparar como num bom e velho clichê. E mais, ela me atendeu e prestou atenção em mim, mesmo que tenha sido por menos de cinco segundos. Breves longos segundos.

domingo, 18 de março de 2007

Boa sorte

Hoje é domingo! Sim, dia de Macunaíma e de vivenciar as experiências magníficas do teatro. Mas, hoje não será como os outros domingos. Meu grande parceiro não só de teatro mas de frustrações franciscanas, o Guilherme, não estará lá, infelizmente.


Desde que entramos no Macunaíma no ano passado, nós nunca faltamos a um domingo sequer. Não poderíamos deixar de ir ao recinto que tantas coisas boas nos traz. Só que hoje o Guilherme não poderá comparecer a mais um dia de preparação da montagem de nossa peça. Ele estará, no mesmo horário, fazendo a prova da Defensoria Pública para conseguir uma vaga de estágio.


Hoje será diferente, estranho, incomum. Não ter a presença de alguém que tanto representa o teatro para mim. Quem me conduziu a esse mundo fabuloso, onírico das artes cênicas.


A ausência será notada e sentida. No entanto, só me resta torcer para que dê tudo certo no concurso e o resultado seja atingido! E que, no próximo domingo, eu possa ter a oportunidade de vê-lo em cena novamente, meu amigo. Boa sorte!

quarta-feira, 14 de março de 2007

Ele é um bom companheiro...

Amanhã, dia 15 de março, é o aniversário do grande Frederico! Grande em relação ao que representa, porque, convenhamos, seu tamanho não é dos mais imponentes. Um ano de convivência, intimidade e um vasto conjunto de situações inusitadas compartilhadas.


Eu lembro do nosso primeiro contato. Era uma tarde ensolarada de março. Eu estava cheio de dúvidas, na companhia do meu pai, quando vi, entre seus pares, o Fred! Brilhante, simpático, dotado de uma imagem cativante, proveniente, talvez, de suas elegantes vestes azuis. Até meu pai aprovou a concretização desse laço, não apenas de utilidade, como também de amizade.


Reconheço que a nossa relação inicial foi conturbada. Eu, inexperiente, tentava domar os ímpetos deste esperto paladino azul. Como eu o maltratei! Foram pequenos choques oriundos da minha constante distração. Mas hoje estou mais atento e não voltarei a maltratá-lo, eu prometo!


Mesmo diante das adversidades, ele jamais me abandonou. Acompanhou-me, valente e seguro, em longos trajetos de ida e volta da São Francisco! Apenas um pequeno problema abalou a saúde dele em meados do mês de outubro. Revigorado, continua a seguir os meus passos nessa rotina estressante na cidade de São Paulo.

Não posso deixar de citar que o Fred conheceu, nesses 365 dias de vida, muitos amigos. Mas, como eu fui um bom professor, ele aprendeu a escolher, de forma criteriosa, os amigos. Só pessoas especiais podem ter um vínculo maior com ele. Raramente algum terceiro distante vem a ter um contato com o Fred.


Observador fiel, ele não reclama dos absurdos e das inusitadas ações que eu realizo, porque ele entende os meus pensamentos. Apesar dos atos esporádicos cometidos por mim e que atingem a moral vigente, ele nunca reclama! Mas tem uma explicação. O lema de vida do Fred é simbolizado pelas iniciais D.S.O. Trata-se da defesa incondicional efetuada por ele em relação a um dos direitos fundamentais da pessoa humana! E eu concordo plenamente!


Por tudo isso, só me resta desejar muitas felicidades para o Fred! Muitos anos de vida para o senhor! Que você continue sendo um amigo presente nessas longas jornadas por dias e noites adentro!

terça-feira, 13 de março de 2007

Fidelidade

A música realmente pode ser extraordinária! Quando achamos que as nossa vidas encontram-se em estagnação, aparece, repentinamente, uma obra musical que mexe com os mais profundos sentimentos.
Domingo passado, estava, desinteressado, navegando pela internet. Entrei no site do youtube para assistir a alguns clipes novos que eu ainda não tinha visto. Ao olhar para a tela, encontrei na página principal um clipe que, instantaneamente, prendeu a minha atenção. Chama-se Fidelity da cantora Regina Spektor.
Admito que não conheço muito sobre a vida e a obra desta excêntrica cantora. Meu primeiro contato foi feito através da parceria que ela fez com os Strokes para a música "Modern Girls & Old Fashioned Men". Essa canção chegou aos meus ouvidos por intermédio do Guilherme, que havia gravado um CD para mim nos idos do ano de 2005.
Uma voz suave e peculiar de uma mulher nascida na Rússia, durante o regime soviético e que, na sua infância, mudou-se com seus pais para Nova Iorque. Pianista, de formação clássica, Regina consegue criar em suas canções uma atmosfera melancólica, intensa e delirante.
Agregando estilos variados de música, ela concebeu essa linda canção chamada Fidelity. Seus versos corridos, com certas paradas nos refrões, esta música constrói o ambiente exato para transportar os meus sentimentos, internos e abstratos, em uma estrutura viva, concreta e real.
Para completar, o clipe dessa música é fenomenal. Desde o início, com a utilização marcante das cores branca e preta, acrescido da presença exótica de Regina (e seus lábios de puro vermelho) e de seu companheiro sem cabeça e mãos, o clipe é de uma sutileza ímpar.
Quando o seu companheiro é devidamente materializado e uma gama de cores é lançada como artifício de uma daquelas brincadeiras juvenis, o clipe adquire uma alegria inocente, genuína, atuando como contraponto à rigidez inicial.
Assim, da concepção e materialização de belos contrastes, cria-se uma obra singular, mas ao mesmo tempo, universal. Singular, pela sua estética. E universal, porque os belos versos desta canção atingem a todos os corações angustiados nesse mundo. Um mundo belo, ainda que marcado por grandes contrastes.

sexta-feira, 9 de março de 2007

O brilho da vida

Segunda semana de aula na São Francisco: mais um período de alegrias, angústias e desespero pelos galhos desta árvore que representa a minha vida.
Devo admitir que vivo um momento de esgotamento físico e, principalmente, mental. Poucas horas de sono, rotina meio atribulada, trânsito, calor insuportável e outras agravantes presentes no meu cotidiano.
Mesmo com situações muito desagradáveis, como o complexo mundo de uma desprezível disciplina denominada Organizações Internacionais, eu considero necessário colocar em evidência os pequenos brilhos dessa semana. Momentos nos quais passei por ótimas sensações que, inclusive, conseguiram atingir o âmago do meu ser, fazendo com que eu realmente me sentisse vivo!
A presente semana que se esvai foi marcada pela constatação de que nas pequenas e simples situações do dia-a-dia reside uma beleza e uma alegria particulares.
Obviamente, tal visão é em larga medida baseada na mensagem transmitida pela peça Nossa Cidade, do escritor americano Thornton Wilder (que ainda será tema de um futuro post). Trata-se da idéia de valorizar cada momento deste lapso temporal correspondente ao que chamamos de "vida".
Não me atrevo a dissecar todas as discussões metafísicas referentes ao conceito de "vida", mas posso categoricamente construir essa proclamação: "Sim! Estou vivo e eu adoro isso!"
São certos episódios que compõem a nossa vida. Um simples pão de queijo pode representar uma felicidade intensa para um corriqueiro dia. Hoje, por exemplo, tive uma agradável surpresa: reencontrei alguém que, em tão pouco tempo, tornou-se uma figura significativa para mim. Eu percebi que essa ausência evidenciou o estado de incompletude latente que me acometia, mas que eu, teimoso, continuava a negar. Foram alguns minutos de conversa. Algo simples. Belo. Encantador.
Observar fixamente seus traços, ouvir sua voz, ver fotografias de viagem. Reconheço que, em uma visão utilitarista, tais ações seriam insignificantes. No entanto, o meu mundo não é mais útil. Quero qualificá-lo de outro modo: intenso, apaixonante e, como não poderia deixar de ser, representativo.
Filme representativo deste post: Hora de Voltar (Garden State) - diretor: Zach Braff

segunda-feira, 5 de março de 2007

Pão de queijo

Ah...como eu queria ser um pão de queijo hoje! Poderia ser por apenas alguns segundos...
Mas, tudo bem. Eu ainda vou ser um delicioso pão de queijo! Bem apetitoso e que vai ficar bastante naquela boca...

sexta-feira, 2 de março de 2007

Around the world

Hoje uma das músicas mais recorrentes do ótimo ano de 1996 passou pela minha mente. Na verdade, não considero excelente essa canção, mas o seu videoclipe é incrível e cativante.
Primeiro, devo dizer que tal música voltou a borbulhar em meu cérebro devido a uma daquelas situações inusitadas...
Estava na monótona aula de Organizações Internacionais, por volta das nove e quarenta da manhã quando o professor, com o seu inglês relativamente peculiar, soltou algo do tipo: "...é uma alguma coisa...around the world".
Apesar de eu estar viajando naquele instante (eu nem sabia sobre o assunto tratado!), tais palavras acessaram a minha memória em uma das boas lembranças dos meus longínquos dez anos de idade.
Essa canção, Around the world, é da dupla francesa Daft Punk. Dois franceses excêntricos, poder-se-ia dizer. Raramente mostram seus rostos e vivem sob um vestuário robótico. Mesmo não gostando muito desse estilo musical, penso que eles conseguiram criar essa música intensa, elétrica e, inclusive, inspiradora! Como três palavras banais, repetidas incessantemente, podem significar tanta coisa para mim e meus sonhos e devaneios!
Além do mais, tenho que ressaltar o videoclipe dessa canção, dirigido pelo magnífico e excepcional diretor francês Michel Gondry.
Com sua estética peculiar e elementos de luz e fotografia marcantes, Gondry criou um cenário básico e preciso para esse clipe. Sem grandes efeitos especiais e tecnológicos, ele conseguiu criar uma excêntrica atmosfera.
Utilizando-se de dançarinos em roupas peculiares (as múmias, os robôs, os esqueletos, as moças em trajes de natação e os bizarros gigantes), Gondry construiu uma obra de exatos quatro minutos, que, para mim, representa uma jóia rara.
Não sei definir o motivo do meu encantamento. Toda vez que assisto a esse clipe sinto uma alegria e um deslumbramento espontâneos. Trata-se da maravilhosa união entre música e imagem que tanto eu gostaria de explorar.
Enquanto isso não ocorre, assista a esse clipe e enjoy!