domingo, 16 de dezembro de 2007

!

É...chegou o dia. O dia em que escrevo o último post deste blog. "À la recherche du représentatif" esgotou as suas energias. Não há mais o que explorar, ou melhor, não há mais imaginação por parte deste que vos escreve.

Mesmo que subnutrido, este espaço teve muita importância em momentos essenciais da minha vida. Captou o que eu sentia ou gostaria de sentir. Já foi alvo de críticas e observações várias, mas jamais deixou de cumprir o seu papel, atingindo os seus objetivos, como eu abordei no primeiro post, no longínquo dia 23 de fevereiro de 2007.

Não conseguirei fazer um relato de todas as felicidades, todas as realizações, todos os fracassos e todas as decepções que marcaram este ano. Quero pensar no presente e deixar de abdicar os meus sonhos por desejos e intervenções de terceiros.

Não vou escrever muito porque, estranhamente, não tenho mais conseguido desenvolver as minhas idéias neste espaço. Seja pela falta de tempo, de espaço, de motivação ou de qualidade dos meus escritos.

De todo modo, não importa.

O que importa é agradecer todos os meus amigos, que me acompanharam na intensa jornada que foi o ano que passou. Obrigado pela ajuda, pela companhia, pelos momentos felizes compartilhados, por tudo. Mesmo que não sinta mais atração pelo 'representativo', tenho que reconhecer que a presença de vocês, meus amigos, ajudou enormemente na caracterização deste ano como verdadeiramente representativo. Nem eu acredito em tudo que aconteceu. Barreiras foram rompidas, costumes foram quebrados, conquistas foram alcançadas e uma inspiração foi encontrada (uma não, duas - mas cada uma em sua respectiva esfera).

Não sei como voltarei no ano de 2008. Dia 10 estarei aterrisando em terras tupiniquins e espero que o ânimo esteja renovado, e as mágoas do ano que está se encerrando sejam dissipadas. Novo nome, novo modelo, mas sem mudanças no conteúdo, porque, mesmo que continuem a impor uma censura, jamais acabarão com os sonhos deste rapaz. E este rapaz sonha e quer concretizar, seja na terra ou no mar...

À bientôt, mes chères!
Música representativa do post: Dreaming of you - The Coral

sexta-feira, 21 de setembro de 2007

Fora da aula entediante

Post sem assunto. Mas um post representativo: o primeiro, e talvez o único, a ser escrito aqui na São Francisco.

Música representativa do post: Fake Tales of San Francisco - Arctic Monkeys

sexta-feira, 14 de setembro de 2007

O império das luzes




Esta pintura chamou a minha atenção terça-feira passada, durante a aula de francês. Chama-se "L'empire des lumières", de 1954. Quem pintou esta bela obra de arte foi o francês Réné Magritte.
O contraste da imagem é impressionante: o azul do céu e a obscuridade terrestre formam uma cenário de grande magnetismo. Revelam a ambivalência do mundo por meio das cores.
E como interligação entre esses dois ambientes, aparece a luz. Iluminando a escuridão reinante na Terra e seu reflexo nas águas, criando um efeito de grande realidade.
A luz que ilumina as mentes brutas e aquece os gélidos corações.

Em

Os indícios aparecem. Os elementos de convicção crescem. E, no vazio de outrora, elas florescem.

Música representativa do post: Can't help falling in love (cover) - Pearl Jam

domingo, 9 de setembro de 2007

Azul

As mudanças geralmente são difíceis de serem digeridas. Não podemos dizer que estamos sempre preparados para essas transformações.

Ontem, eu reparei em algo que me fez pensar. Comecei a ler todos os scraps que recebi no orkut durante os quase três anos que já passaram desde o primeiro contato com essa ferramenta virtual.

Não são muitos scraps. Os recados que recebi são em número bem reduzido se compararmos com a maioria das pessoas conectadas.

Então, ao fazer o exercício de leitura e compreensão de todos os meus 493 scraps, cheguei à conclusão de que a mudança operada em mim foi significativa. Tanto pela forma de pensar como pelo jeito de reagir às situações. Só que tais mudanças não ocorreram apenas em mim.

Percebi que quase todos os meus amigos também sofreram transformações. Amigos de longuíssima data, da escola, amigos de faculdade, amigos que acabei conhecendo durante esses tempos. Cada pessoa ao meu redor mudou.

Cada mudança é subjetiva. Afinal, as mudanças são inerentes ao homem. Dão energia. Fazem com que olhemos para trás e nos ridicularizemos até. É um estado necessário. Provoca saudade, alegria. Mas traz também a lembrança de tristezas passadas.

Remexer no passado é delicado e, por vezes, dolorido. O bom é que desta vez não veio aquilo que eu mais temo: o remorso.

Senti que não poderia voltar no tempo. Cada escolha teve o seu porquê. Cada decisão tomada me levou para caminhos diversos, que talvez não tinha pensado anteriormente.

Tenho consciência de que a trilha a seguir está sendo construída. Com choros eventuais, com brigas esporádicas, com insatisfações momentâneas, mas com um sorriso no rosto. Recusas, nãos, despedidas irão acontecer. Mas a esperança não vai ser esquecida e eliminada. Continuarei eternamente na busca do representativo e desejando.

Desejo o infinito.
O fantástico mundo subterrâneo.
O riso desinteressado.
O choro de alegria.
O olhar inebriante.
O toque suave dos dedos.
O calor inesperado de uma manhã de inverno.
Um pouco de maldade inocente.
A emoção de estar no palco.
A beleza do entardecer nos dias que volto cedo do estágio.
A liberdade de estar nas Arcadas, sem ver as monótonas aulas da São Francisco.
Os programas esdrúxulos e casuais.
Ir ao cinema várias vezes por semana.
O sol entrando na janela do meu quarto.
O abraço de quem gosta de mim.
O beijo virtuoso de quem eu mal conheço.
As noites estreladas.
Ver a alegria estampada no rosto de todos aqueles que eu amo.
Escrever belos poemas.
O clima de nervosismo na conquista.
O canto dos pássaros quando eu acordo nas manhãs de domingo.
A sabedoria do meu saudoso avô e os seus olhos azuis, os mais belos olhos que já vi.

Desejo desejar tudo isso.

Música representativa do post: Good Riddance (Time of your life) - Green Day

sábado, 8 de setembro de 2007

Desconstrução

Já tinha mencionado isso antes. A fase é de desconstrução.

Das figuras ideais. Dos impulsos platônicos. Dos mitos inabaláveis.

Música representativa do post: Wake up - The Walkmen

O calor

Um sol escaldante. A gota de suor desliza pelo corpo. Faz tremer e temer. O reflexo da piscina lembra que não é mais que uma miragem.

Um olhar sedutor preenche o ambiente e provoca. Respira fundo e aproveita o clima. Não há meios de escapar dos fatos.

Em poucos minutos, passa um turbilhão de pensamentos. Que não são 'pensamor'. São lascivos e ofegantes. Um cubo de gelo suavemente degustado pela língua venenosa.

Despede-se com um abraço, tocando as suas mãos no dorso carente e de uma explosão latente. Uma manhã puramente sensorial.

Passado? Futuro?

Ah, com certeza, é o agora. Hoje...

Música representativa do post: Another Travellin' Song - Bright Eyes

terça-feira, 28 de agosto de 2007

Uivo

O pão de queijo foi jogado fora, definitivamente.

A desilusão até surgiu em um primeiro instante, mas as horas do dia fizeram desaparecer a visão sinistra que tinha imaginado para este post.

Agora, com os ânimos controlados, sinto que foi mais um capítulo que se encerra, mas que outro se abre, com a imensidão de oportunidades por aí, esperando para serem aproveitadas.

Como disse em um dos posts anteriores, a vida tem intempéries ocasionais. Só que agora tenho a sensação de que estou mais forte para enfrentar essas adversidades.

E o melhor, sem medo de continuar a trilhar o meu caminho.

E aqui transcrevo um dos meus poemas favoritos do grande Manuel Bandeira:

Poética
Estou farto do lirismo comedido
Do lirismo bem comportado
Do lirismo funcionário público com livro de ponto expediente protocolo e [manifestações de apreço ao Sr. diretor
Estou farto do lirismo que pára e vai averiguar no dicionário o cunho vernáculo de um vocábulo
Abaixo os puristas
Todas as palavras sobretudo os barbarismos universais
Todas as construções sobretudo as sintaxes de exceção Todos os ritmos sobretudo os inumeráveis
Estou farto do lirismo namorador
Político
Raquítico
Sifilítico
De todo lirismo que capitula ao que quer que seja fora de si mesmo
De resto não é lirismo
Será contabilidade tabela de co-senos secretário do amante exemplar [com cem modelos de cartas e as diferentes maneiras de agradar às mulheres, etc.
Quero antes o lirismo dos loucos
O lirismo dos bêbedos
O lirismo difícil e pungente dos bêbedos
O lirismo dos clowns de Shakespeare

-Não quero mais saber do lirismo que não é libertação.


Música representativa do post: Howl - Black Rebel Motorcycle Club

sábado, 25 de agosto de 2007

Sintonia

Sabe quando você constrói toda uma imagem a partir de algo que, teoricamente, não passa de um apanhado de versos e sons? Quando você visualiza toda uma história com base em uma simples canção?

Então, isso fazemos quase sempre. Mas, o que é raro é se deparar com um trabalho artístico que traduza tudo que você imaginou a respeito de tal obra. E o clipe de 'In Transit' do Albert Hammond Jr expressa exatamente essa sensação. Pelo menos, para mim.

É um vídeo dirigido pelo nosso conhecido ator Joaquin Phoenix. Como diretor, ele promove uma das mais belas fusões entre música e vídeo que presenciei, ao menos neste último ano. Acho que poderia descrevê-lo das mais variadas formas, mas não conseguiria demonstrar como eu me senti (e ainda sinto) ao ver este clipe.

As técnicas empregadas na construção das imagens conseguem criar o ambiente propício para que a já bela canção torne-se estupendamente extraordinária.

Não me alongarei aqui. Entrem no you tube e vejam com seus próprios olhos...Sintam a energia emanada.


Um clipe em sintonia com as aspirações do meu estado de espírito.

sexta-feira, 24 de agosto de 2007

Sol, Nietzsche, bolha, conservadores e....eu

Sol de inverno. Uma manhã sem aula. Deitado, olho para o céu azul e leio Nietzsche. Percebo que tive algumas características de um homem de ressentimento, mas que agora compreeendo muito mais o que sou e as coisas que quero.

O receio de viver em uma bolha eternamente. Procurar o que te deixa feliz e chegar à conclusão de que não importa onde, ainda teremos obstáculos culturais, familiares, sociais...

E a indignação de ter ciência de que aqueles, seus colegas de faculdade (que têm à disposição a maior gama de informações possível) têm opiniões tão reacionárias e formalistas. Pensar como é possível que defendam ações coercitivas e violentas, por parte da tropa de choque em um território até então livre. Para manter a integridade franciscana, inabalável e alheia a qualquer movimento social ou de contestação às estruturas vigentes. É o triste conservadorismo franciscano. A crença de que o mundo gira simplesmente ao seu redor.

E, por fim, aqui estou eu. Ainda mergulhado em dúvidas, mas sentindo que, cada dia que passa, há uma maior confiança de que é necessário buscar, independentemente das intempéries ocasionais.

quarta-feira, 15 de agosto de 2007

Ma bâtarde soeur



Hoje é o dia em que se completa a primeira década. A data foi escolhida por mim porque não há dia exato para se saber quando essa singela e simpática espécie veio ao mundo. Apareceu em nossa casa, em outubro de 1997 e o veterinário havia dito que ela já tinha três meses de idade.


Meu primeiro e único companheiro canino. Bicho de estimação tem um sentido tão pejorativo, que prefiro não defini-la assim. Chegou em nosso lar, de mansinho, com a aquela cara de 'me ajude'. Pura vira-lata, tranqüila, ganhou instantaneamente o carinho e a atenção de todos na casa, com exceção do meu pai. Era tão pequena que suas primeiras noites aqui foram passadas dentro de uma caixa de papelão onde cabiam apenas agumas frutas...


De início, era terminantemente proibida a sua entrada em casa. Que ficasse no gramado, no jardim, mas que não entrasse em casa - dizia o meu pai, avesso à idéia de ter um animal. Eu, por outro lado, sempre quebrava os limites na sua companhia (levava para o quarto , cozinha!). O tempo passou e meu pai cedeu. Começou a tratá-la como o quinto elemento da casa. A irmã que nunca tive e a filha que meus pais não tiveram.


Nessa década de convivência a Tika (este é o nome da homenageada deste post) presenciou todas as transformações, todas as brigas, todas as alegrias da casa. Acompanhou a minha adolescência, o colegial, a entrada na faculdade e todo o processo envolvido desde os meus onze anos de idade.


Nunca esqueço dos dias em que ela esteve próxima da morte. Havíamos viajado para as festas de fim de ano, acho que foi em 1999, e, em virtude disso, teríamos que deixá-la em algum lugar. Diferente do que fazíamos habitualmente, não a levamos ao hotel que fica perto aqui de casa. Minha mãe deixou a Tika aos cuidados da empregada que trabalhava em casa na época e, por isso, a Tika ficou duas semanas em um lugar em que dividia o espaço com outros cachorros, na maioria sem os cuidados veterinários. Quando voltamos, ela estava debilitada, pegou alguma doença e quando a levamos ao veterinário, ele disse que os remédios talvez não fossem suficientes.


Voltamos todos para casa e minha mãe deu os remédios. Antes de ir para a cama, fui até o seu colchãozinho e senti que aquela seria a última vez que poderia vê-la viva. Foi uma noite angustiante. Quando acordei, percebi que ela tinha melhorado timidamente e que daí por diante tudo continuaria a melhor e melhorou! A experiência deixou marcas e a cada dia que a vejo me sinto privilegiado de poder ter a companhia dela.


Ah, sua fidelidade é digna de nota. Inúmeras foram as noites em que estava eu a contemplar a lua e as estrelas, e ela ficava junto de mim, dividindo minhas angústias, minhas constatações e meus desejos e aspirações.


10 anos. Uma década de emoções compartilhadas. Um ser representativo na minha vida, definitivamente.


E claro é 'bâtard'. Comme moi..

Notícias boas

Como é bom receber boas novas.

É..a esperança vence mais uma vez.

sábado, 11 de agosto de 2007

Data represent...

Dia 11 de agosto. Minha quarta celebração franciscana. Quase deixei de ir à comemoração, mas, felizmente, eu fui. Estaria arrependido se não tivesse ido.

Um dia bom. Da união dos meus dois números preferidos, surge a data que jamais será esquecida. E que passa depressa. Bem depressa.

quinta-feira, 9 de agosto de 2007

Plebeísmos

O plebeu sabia. Não tentou forçar a barra. Pensou que tinha feito o certo. E fez.

O plebeu caiu no limbo e perdeu a imagem do reino que um dia cogitou entrar.

Pobre plebeu.

Os pássaros cantaram e o céu se abriu. Já tiveram lágrimas suficientes do plebeu. Ninguém vai se lembrar do plebeu.

Triste plebeu.

O plebeu não deixou herança. Mostrava-se absorto e não se deixou ser subjugado. O plebeu queria ser subjugado.

Vazio plebeu.

Plebeu, cadê você? Foi embora?

Parece que sim. Não deixou vestígios. O destemido cavaleiro nascente agradece. E o futuro príncipe também. Afinal, algum dia, cada um merece o seu próprio principado.

quarta-feira, 8 de agosto de 2007

Limite em forma

A fronteira atravessada

O perigo pincela gravemente a tela.
Cinza concreto, quase-asfáltico
Um fio de óleo vaza e vela
o plano e liso traumático.
Não vêem que tudo é uma ilusão.
O azul celeste em oposição às chamas
E a gota d'água, uma completa purificação.
O silogismo se completa. Não temas!
A noite sussura nos ouvidos
Toca o sonho e liberta.
A figura apolínea surge. Ruídos
Lembram que não é deserta
a vida. Ora, lambuzemo-nos, sem pudores.
Nem me importa quando tu fores...

quarta-feira, 1 de agosto de 2007

O moço

O moço andava meio cabisbaixo. Confuso, parecia que a vida era pura melancolia.

Estava se dirigindo ao trabalho. Não conseguia se concentrar no caminho e acreditava que a resignação seria a vencedora da batalha.

Os pés pesavam, seu corpo estava quente e não agüentava mais o peso de todas as obrigações que possuía em sua vida.

Hesitou. Decidiu que iria adentrar o parque que fica à frente da avenida próxima ao lugar em que trabalha. Recordou que fazia talvez anos que não andava entre as árvores daquela onipresente atração de sua cidade.

Era quase meio-dia. O lugar estava relativamente vazio. Procurou um banco e sentou-se. Inclinou o corpo e encostou a cabeça na extremidade do rústico móvel.

Olhou para cima e pôde observar as altas árvores que o rodeavam. Neste campo de visão, os espaços vazios eram preenchidos pelo azul do céu, em um início de tarde de inverno. Os dias anteriores tinham sido mais frios.

Nesse ínterim, o moço refletia e chegava a conclusões pessimistas. Chegou a pensar que estava próximo do fundo do poço. Só visualizava tudo que deixou passar e não aproveitou.

Os minutos eram contados e, provavelmente, os transeuntes devem ter estranhado as ações do moço. Mas, este nem se importava, de modo que se ajeitou no banco e sentou-se. Teve vontade de observar o parque.

Passavam estudantes, idosos, secretárias, executivos, famílias, casais dos mais variados tipos... Dentre os bancos disponíveis no ambiente, apenas outro era ocupado. Um senhor de quase 70 anos, nipônico e sozinho. O moço pensou que o velhinho deveria estar aproveitando a sua aposentadoria. Solitário, sem nada para fazer. Achou que poderia estar vendo o seu reflexo. Será que o velhinho nada mais é do que o moço só que mais idoso? Não poderia ser. Tinha acabado de passar da segunda década de vida. Como poderia ter idéias tão absurdas?

O moço sentiu a tristeza. Não conseguia nem chorar porque as lágrimas não poderiam expressar a dor daquele instante. A resignação dava mostras de ter chegado ao limite.

Não há mais volta - sussurou o moço.

Entretanto, os minutos seguintes eliminaram todo o universo lúgubre que havia sido construído.

Tão absorvido pela convergência de sensações, o moço nem tinha reparado que, no banco ao lado, tinham se acomodado uma mulher e seu pequeno filho. Duas pessoas aproveitando a agradável atmosfera do lugar. Eis que a mulher diz:

- Moço...

O moço, coitado, estava desligado de tudo. Espantado, virou-se e apenas respondeu com um 'Oi?'

A mulher, então, falou:

- O senhor pode tirar uma foto pra gente?

E o moço, já com uma expressão mais aberta, diz:

- Claro!

Após as instruções de como usar a máquina, lá foi o moço enquadrar o ângulo e tirar uma fotografia para a alegria do pequeno garoto.

A mulher agradeceu e o moço voltou para o banco de outrora. Ele virou o rosto para a esquerda, pois achava que iria chorar. Mas, nem cinco segundos depois, e a voz da mulher chega aos ouvidos do moço.

- Filho, fala tchau pro moço!

O moço observa o garoto. O pequeno adorável faz o sinal e diz, docemente:

- Tchau!

A mulher e o filho se dirigem ao portão de saída do parque e o moço se volta para o céu e começa a chorar. Lágrimas de felicidade brotam de seus olhos e o sorriso tão largo aparece em sua boca. Sente o arrepio, tendo a sensação de que um complexo de sentimentos obscuros são dissipados de seu coração. Parece um alívio.

Está leve. Parte em direção ao seu destino. Mais solto. E leva consigo a esperança de que o dia seguinte será ainda mais feliz.

segunda-feira, 30 de julho de 2007

1, 2, 3 e.....Já!

Pensando e sonhando lá no alto. Uma amiga ao lado e um amigo segurando a câmera. E o início, mais confiante, de que é necessário aceitar os riscos. E mergulhar. Porque você somente vive uma vez.

Música representativa do post: You Only Live Once - The Strokes




Errata

O título do post abaixo está errado! Autoquestionamento é sem hífen! Pelo menos, foi o que me disseram hoje.

domingo, 29 de julho de 2007

O regresso e o autoquestionamento

Voltei de viagem. Estive no frio de Monte Verde com dois grandes amigos. Uma viagem agradável e revigorante. Afinal, mais um semestre está aí. Inicia-se a rotina e seus obstáculos.

Foi bom ter viajado no final dessas férias. Tomar novos ares é sempre bom. Apenas registro aqui o estado de dúvida que passou a pairar em mente.
Sempre tive certeza de que ser solitário era a opção que mais me traria felicidade. Acreditava que não poderia me sujeitar ao compartilhamento e à dependência. Mas, esses dias fizeram com que eu questionasse tal dogma. O ambiente era propício para a vida a dois. Casais em abundância. Estar rodeado de manifestações externas que me lembravam que às vezes é necessário um porto seguro em nossas vidas.
Eu, cético, devo dizer que ainda não encontrei este porto seguro. Acho que ainda não sei se tenho vontade de tê-lo. Somente as ocasiões da vida poderão solucionar tal problema. O instinto solitário e o descompromisso emocional ou a vontade subconsciente de encontrar alguém?
Eu quero é o meio-termo. Possível ou mais uma loucura da minha mente?

terça-feira, 24 de julho de 2007

Econômico II

Estado mental da noite: pensativo.

Econômico

Estado mental do dia: estuporado.

sábado, 21 de julho de 2007

Éblouissant

Eu estou relendo "Primeiras Estórias" do Guimarães Rosa. Já nem me recordo de quantas vezes li esse livro. Um livro representativo. Ao reler 'Substância', senti um arrepio incomensurável. Especialmente no parágrafo final. É de uma beleza indescritível. Por isso, aqui somente transcrevo esse conjunto de frases que criam um ambiente deslumbrante:

" (...) Sionésio e Maria Exita - a meios-olhos, perante o refulgir, o todo branco. Acontecia o não-fato, o não-tempo, silêncio em sua imaginação. Só o um-e-outra, um em-si-juntos, o viver em ponto sem parar, coraçãomente: pensamento, pensamor. Alvor. Avançavam, parados, dentro da luz, como se fosse no dia de Todos os Pássaros."

Música representativa do post: Starlight - Muse

segunda-feira, 16 de julho de 2007

Caminho de pedras

Não quero ir trabalhar. Chove, faz frio e a minha mente está aérea.

"Mamãe, o primeiro sinal. Preciso sair correndo. Não quero mais."

ATÉ LOGO!

quinta-feira, 12 de julho de 2007

Observações do meu fim de tarde

Não saí bem do trabalho hoje. Estava com uma dor de cabeça insistente. Eram 5 horas da tarde. Tinha me preparado para ir ao cinema na sessão das 19:20, o que possibilitou a volta dos velhos tempos de andarilho/observador. Época em que cultivei este hábito saudável e, diria, instigante.

Primeiro, fui até a Aliança Francesa, entregar um documento pendente. Ao descer a Bela Cintra, o frio cortante me atingia e fazia com que eu não esquecesse que vivíamos um típico dia gelado no inverno paulistano.

Chegando lá, eis que me deparo com uma surpresa agradável, que me deixou ansioso para que o dia 07 de agosto chegue logo. Um motivo extra para ir às aulas, algo que não fiz muito no último semestre.

Em seguida, eu, com um sorriso enorme, continuei a minha andança até o momento em que percebi que não estava me sentindo bem fisicamente. A minha cabeça parecia explodir. Resolvi voltar para a Avenida Paulista e comer alguma coisa.

Pedi um prato, acomodei-me em uma mesa e passei a contemplar o ambiente que me rodeava naquele instante.

No primeiro momento, fixei o meu olhar na atendente de um dos restaurantes. Sua função é oferecer o cardápio para os que passam à sua frente. Em geral, os visitantes do shopping ignoram as palavras da simpática moça. Não dizem ao menos um "Obrigado". Eu senti uma tristeza profunda, já que pude notar que os olhos dessa moça ansiavam por uma resposta. Ela, simples, humilde, provavelmente com o 2º grau completo (no máximo), parecia ser tão simpática, atenciosa. Obviamente ela também tinha intenções de vender (é o trabalho dela), mas isso não a impedia de ficar feliz quando um cliente se dirigia ao restaurante e era atendido por ela. Acho até que ela percebeu que meus olhos se dirigiam à sua pessoa. Talvez tenha achado que eu estivesse com outras intenções, pois até deu alguns sorrisos para mim. Se eu trouxe o mínimo de felicidade para ela, fico feliz também.

Após quase dez minutos de observação, meus olhos voltaram-se para outros detalhes do ambiente, mais cheio do que o habitual para aquela hora do dia. Consegui ver uma senhora 'grã-fina' dando ordens à funcionária da limpeza para que passasse mais álcool em sua mesa, porque acreditava que a quantidade normal não era suficiente para uma senhora como ela. Resquícios de um tempo em que aquela senhora não precisava dividir uma mesa com estranhos... Vi algumas outras coisas (sempre interessantes), mas então tive de interromper a minha ação, porque eu tinha que me alimentar para que eu não desmaiasse num lugar público como aquele.

No final da jornada, fui assistir a "Paris, te amo" e realmente gostei bastante do filme. Havia uma ou outra história mais fraca, mas no geral, é uma bela colagem de uma cidade fascinante como Paris. Deu vontade de ir hoje para lá, mesmo sabendo que menos de cinco meses me separam da cidade-luz.

Após o filme, senti que a jornada valeu a pena. Não fiz nada de excepcional, é verdade. Mas tudo que fiz, eu consegui aproveitar intensamente. E isso é um bom sinal.


E assim, mais um dia se passou. Este post pareceu mais um relato de um diário. Não foi a intenção. Aliás, estou sentado aqui, porque eu estava querendo escrever. Algo, qualquer coisa. Liberar os pensamentos de minha mente e concretizá-los na forma escrita. Porque o que tenho escrito ultimamente se resume a um apanhado de 'peças' jurídicas, destituídas de emoção, lirismo e arte. E como esse tripé faz falta para o meu cotidiano!


Música representativa do post: Everyone gets a star - Albert Hammond Jr.

terça-feira, 10 de julho de 2007

Inesperado

Situação peculiar. Estávamos a sós. Conversa vai, conversa vem e aí surge uma fala inesperada:


- Deixe me ver. Ah, esse aqui. Seguinte (...) Tenho percebido que você gosta de algo mais 'cabeça', não é?


Eu, meio encabulado e com um sorriso no rosto, dou uma resposta monossilábica:


- É.

segunda-feira, 9 de julho de 2007

Por um momento

Estive meio ausente deste espaço, mas aqui estou para tecer algumas palavras sobre o momento - digamos - de deslumbramento de hoje.

Não costumo me emocionar quando estou ouvindo música, ainda mais quando se trata do primeiro contato com uma canção desconhecida. Hoje, isso aconteceu.

Encontrei uma das novas canções do Interpol que estão na internet e descobri uma em especial. Chama-se "Pioneer to the Falls". É tão angustiante e suave que fez meus olhos ficarem marejados. Eram 'quase-lágrimas' de uma emoção indescritível. Não eram de tristeza, embora a letra da música não seja das mais alegres que já escutei.

Creio que a emoção que descarreguei foi fruto do meu processo de abertura de emoções. Deixei de me conter e manter presas todas as emoções que estavam latentes em mim. Esse momento de hoje foi o exemplo concreto deste ser que há de evoluir ainda mais.

Apenas quero ouvir novamente a voz do Paul Banks, quando na parte quase final da música, canta sem o acompanhamento de nenhum instrumento. Uma voz que transmite a mensagem para um receptor que está um pouco mais ciente do complexo emocional a que chamamos 'vida'.
Quem quiser ouvir 'Pioneer to the Falls' (o que não será o caso de um certo amigo meu), entra no myspace do Interpol:
www.myspace.com/interpol

quarta-feira, 4 de julho de 2007

Um dia ensolarado de inverno

Andar pelas ruas arborizadas com a minha pequena 'irmã' canina. Um passeio sem compromisso. Sim, fazia tempo que não concedia minutos do meu cotidiano para dar um pouco de alegria para aquela que me acompanha há quase uma década, mas que foi deixada de lado por causa da rotina atribulada que tenho vivido (atenuada, é verdade, pelas férias na Sanfran).

Apenas desejo que nós possamos aproveitar mais esse sol de inverno que nos ilumina nas manhãs livres deste mês de julho.

Música representativa deste post: Don't steal our sun - The Thrills

segunda-feira, 2 de julho de 2007

I wanna hold your 'hands'

Detalhes que não percebo de imediato, mas me deixam com um sorriso no rosto. Não tinha reparado em todo esse tempo e só hoje senti um arrepio. Belas, macias e, o melhor de tudo, insinuantes. De repente, fiquei hipnotizado. Como algo tão banal pode ser tão significativo!

Estou na fase de conhecimento (não, não estou falando de Direito! Será mesmo que não?)

A única rosa, quase sem espinhos, entre uma porção de ervas daninhas que me cercam. Tinha me esquecido disso. O arrebatamento de hoje não me deixa esquecer que tudo tem um propósito. O copo não está cheio. Nunca estará. Contudo, eu me precipitei ao dizer que está totalmente vazio. O que seríamos de nós se não houvesse esperança...

Tênue, eu admito. Mas acredito que a minha vida não existe sem esperança. Por mais doloroso que talvez seja. Afinal, faz parte da minha constante busca. E o objeto dessa busca, o título deste blog se encarrega de explicar qual seja.

Aguardo os próximos capítulos. Vamos ver no que isso vai dar.

Música representativa do post: Evening Sun - The Strokes (aliás, eu não gostava dessa música, mas, neste momento, eu simplesmente sinto uma agradável sensação ao ouvi-la)

sexta-feira, 29 de junho de 2007

Em aberto

Ontem eu fui ver a peça Hoje é Dia do Amor! lá no Espaço dos Satyros. Foi a primeira vez que eu fui no teatro depois de ter colocado os meus pés naquele lugar tão sagrado que é o palco. A peça faz tanta referência à dor, que me veio à mente um poema inesquecível do Baudelaire, que abaixo transcrevo. A peça me fez questionar: será que precisamos da dor para superar os nossos problemas ou a dor seria simplesmente um instrumento dos fracos que se submetem aos desígnios alheios?
Recueillement

Sois sage, ô ma Douleur, et tiens-toi plus tranquille.
Tu réclamais le Soir; il descend; le voici:
Une atmosphère obscure enveloppe la ville,
Aux uns portant la paix, aux autres le souci.

Pendant que des mortels la multitude vile,
Sous le fouet du Plaisir, ce bourreau sans merci,
Va cueillir des remords dans la fête servile,
Ma Douleur, donne-moi la main; viens par ici,

Loin d'eux. Vois se pencher les défuntes Années,
Sur les balcons du ciel, en robes surannées;
Surgir du fond des eaux le Regret souriant;

Le Soleil moribond s'endormir sous une arche,
Et, comme un long linceul traînant à l'Orient,
Entends, ma chère, entends la douce Nuit qui marche.

O vazio - Nº 115

O relógio não pára. ouve-se o tique-taque, o silêncio é quase sepulcral. Apenas algumas vozes adentram o recinto, mas não passam de meras palavras destituídas de significado. A máquina, estática, está à minha frente. Intimida. Nada pra fazer. Olho ao redor e vejo que o ambiente está inóspito. Será que é de propósito?





Não sei. Estes minutos finais propiciam o devaneio. Está acabando. Tenho que ir embora. 16 horas e 40 minutos. Já deu o horário. É mais um dia de trabalho que foi, passou e se exauriu.





Dia nº 115.

quarta-feira, 27 de junho de 2007

Pra deixar marcado

Infelizmente, não tenho tempo para escrever agora. Mas preciso deixar registrado sobre o que aconteceu naqueles três dias que eu tinha mencionado no post anterior: foi ótimo, inesquecível e emocionante. Superou todas as expectativas.

Hoje tive conhecimento de que até aqueles, descrentes e que implicavam com isso, renderam-se e gostaram. Fico mais feliz ainda. E é apenas o começo.

Por sinal, eu acho que ainda não preciso me despedir de Grover's Corners. Que bom! A esperança continua...

sexta-feira, 22 de junho de 2007

Amanhã!

A contagem é regressiva. A tensão paira no ar. Uma tensão agradável e que quero que se repita por muitas vezes. Mas ainda tem o medo e a expectativa.

Especiais, mais do que especiais, extremamente representativos: três dias anotados no calendário, com antecedência absurda, e que sempre pareciam distantes. Agora, é logo ali. Um passo apenas para se concretizar um longo trabalho.

O horizonte se descortina. E eu estarei lá, na companhia dos meus amigos, para apresentar para outros amigos. Para emocionar, para representar, para refletir. No final - como já ensina Thornton Wilder - digo que simplesmente estarei lá, para conjugar o verbo essencial de nossa existência: Viver.

Música representativa deste post: True Adventures - British Sea Power

Só espero que eu consiga dormir hoje!

segunda-feira, 11 de junho de 2007

Vira-se mais uma página

Acho que andei sonhando demais. Não estava preparado para receber uma notícia tão pungente. Foi durante uma conversa qualquer hoje à tarde: a bomba surgiu e eu fiquei paralisado.


Sabia que em algum momento eu teria ciência de tal estado (civil, por sinal, para a minha infelicidade). Mas, poderia, quem sabe, ser em uma outra ocasião. Voltei para as minhas tarefas e pensei, estupefato, o que tinha acabado de acontecer. Não caí em prantos. Pairou a sensação de que mais um capítulo talvez tenha sido encerrado.


Tudo bem. Na verdade, não. Mas sei que vai passar. Isso não vai me abalar, porque me sinto fortalecido. A minha vontade de seguir em frente supera esse impedimento. Eu continuarei o meu caminho, mesmo que o pão de queijo não seja mais tão saboroso assim.

sexta-feira, 8 de junho de 2007

Não é um dia igual aos outros...

Havia prometido escrever um post apenas sobre a peça que o grupo de teatro do qual faço parte irá apresentar no final deste semestre. Passou o tempo e não cumpri tal promessa. De qualquer modo, entre as linhas dos diversos posts que já escrevi, está a idéia basilar do texto escrito pelo Thornton Wilder, nos idos da década de 30...

Hoje, uma sexta-feira pós-feriado, eu não fui trabalhar. Hoje à tarde tenho que desempenhar o papel de motorista da minha mãe. Por isso, deixei pra compensar as horas na próxima semana, porque, afinal de contas, o meu corpo ansiava por um descanso mental e por um pouco de lazer.

A minha casa está vazia: meu pai e meu irmão foram viajar para a casa da minha avó materna em Minas, e cá estou eu, com minha mãe e minha avó paterna. Contarei um pouco sobre um momento diferente que aconteceu comigo ontem.

Estava aqui em casa, lá pelas duas, três horas da tarde, quando decidi sentar no gramado que tem atrás da minha casa, para fazer a minha partitura corporal que tenho que apresentar no domingo lá no Macu. Os raios de luz eram incessantes e me aqueciam enormemente, para combater o gélido clima presente, oriundo da paisagem verde que estava ao meu redor. Não havia uma nuvem no céu, apenas o azul se espalhava pelo meu campo de visão.

Como fazia tempo que eu não aproveitava este espaço, esta atmosfera. Por um instante, fiquei contemplando a frondosa araucária que os meus vizinhos plantaram há trinta ou vinte e cinco anos atrás. Nunca tinha reparado como ela é bela, resistente e importante. E olha que eu moro aqui desde os meus seis meses de idade!

Penso que, em diversas ocasiões, ignoramos a beleza e a alegria que estão ao nosso redor, sem tempo para pensar em outras coisas, a não ser em nossas próprias paixões egoístas, como já dizia Simon Stimson, no terceiro ato de Nossa Cidade.

E isso nada mais é que uma prova de como montar essa peça foi essencial para que eu pudesse refletir sobre a minha situação perante o mundo. A constatação de que devemos aproveitar intensamente a vida, porque não adianta postergar suas metas. É duro constatar que deixamos passar tantas coisas significativas, sem dar a devida atenção.

O representativo pode residir nas mais simples ocasiões, sem hora e data marcada. Sem aviso, sem alarde. De fato, a vida é lírica. Nós é que ainda não somos capazes de senti-la inteiramente.





Música representativa do post: Say Hello to the Angels - Interpol

sexta-feira, 1 de junho de 2007

Fundamentais

Escrever um poema não exige apenas inspiração e vontade. É necessário tempo para que seja possível exprimir emoções e sensações de maneira lírica. É interessante perceber que um poema pode ter diversos significados. É, de certa forma, um documento histórico.





Ultimamente, não tenho escrito muitos poemas. A vida está agitada. Não digo que eu não a esteja aproveitando, pois, neste momento, tenho a certeza de que tenho feito escolhas certas (mesmo dentro da São Francisco), que serão - eu espero - o início de uma grande jornada.





Hoje, por exemplo. Tenho agradáveis arrepios só de lembrar a sua presença naquele imponente recinto na manhã gelada desta sexta-feira. Havia uma distância considerável entre nós. A hierarquia e a disposição física impediam um maior contato. Mas quando nossos olhos se cruzaram por uma fração de segundos, tive a certeza de que fiz a escolha certa. Mesmo que o máximo que já fiz foi ter apenas sonhado com o seu pão de queijo!





Por isso, das profundezas do meu bom e velho caderno, eu tirei o poema abaixo. Na verdade, trata-se de um poema inspirador para mim, mas que acaba fazendo sentido para o que desejo neste momento. É do bom ano de 2005, ano que, curiosamente, parece ainda não ter acabado. De uma época em que eu conseguia escrever poemas durante uma aula na faculdade!





À libertinagem



O padrão pode ser típico

Tenta exaustivamente me prender.

O desespero, incessante e característico,

cresce, fazendo-me perder.




Vigoroso, desetabiliza a minha mente.

O caos se instala e, talvez, mata.

Sem respostas, penso somente

em desvencilhar deste grilhão que me ata.




Sim! A solução foi encontrada.

A libertinagem, tão famigerada,

será o embrião da alegria plena!



Escreve-se assim com a delicada pena

O despertar da vida, caro libertino.

Finalmente, abrem-se as portas do chamado destino!






Música representativa do post: This Modern Love - Bloc Party

sexta-feira, 25 de maio de 2007

Sob teste

Eu sempre fui discreto na minha vida. Fiz loucuras, besteiras e outras excentricidades bem longe do burburinho ao meu redor. Acredito que resguardar este lado realmente traz a garantia de que eu não seja traído ou de que eu não tenha a minha confiança abalada.

Hoje, deparei-me com um verdadeiro teste. Na verdade, sinto que todos os dias da minha vida representam um teste para mim, já que sempre há a necessidade de se provar a autenticidade e a honestidade nas relações com os outros. Obviamente, pessoas 'fundamentalistas' são mais difíceis de se lidar. Ainda mais, quando você conhece alguém há treze anos, meados da terceira série, mas que mantém o mesmo pensamento ultrapassado e 'bitolado' de anos passados.

Ah, é triste ter que reviver sensações de um tempo em que eu era bobo, fechado e estupidamente presunçoso. Adjetivos que me qualificavam, mas que apenas tinham como função me proteger das intempéries que ocorreriam, caso eu decidisse colocar em prática as minhas revoltas, dissipando o medo que me atormentava constantemente.

É inegável que momentos felizes, engraçados e inesquecíveis foram compartilhados entre nós. Quando ainda nos falamos (duas ou três vezes no ano, pelo telefone), rimos das situações pretéritas, o que não impede a amarga conclusão (de minha parte) de que não nos resta mais nada: só lembranças, lembranças..algumas boas lembranças...

Passamos por muitas coisas boas. Eu me recordo de como nós mandávamos na escola, principalmente no colegial. A referência para o bem e para o mal. Como não esqueço de quando fomos severamente repreendidos pelo estúpido professor por não ter feito um trabalho de história. Nosso orgulho ficou tão ferido que acabamos fazendo o melhor trabalho sobre o holocausto (e um dos melhores trabalhos da minha vida!).

Se não queríamos fazer nada, não havia professor, nem mesmo a diretora 'idiota', para nos impedir. Pôquer durante a aula, ficar viciado em jogar Uno, chegando ao cúmulo de trazer umas quinze pessoas da sala pra jogar...Não estudávamos muito e conseguíamos ir bem nas provas, mesmo que, no final, quase nada tenha sido aprendido.

Mas, o que mais lembro é que também fizemos alguns curtas interessantíssmos, desde os tempos da sétima série (o ano de 1998). Foram filmagens inesquecíveis. O jornal de TV que fizemos, a filmagem do protesto 'fake' que agitamos na escola, a gravação no ateliê de artes (que antes era um galinheiro!). Sem falar nos curtas de terror, acho que foi em 2000, com aquelas cenas de festa (tocando as medíocres músicas de boy band), copos aterrorizantes, a necessidade de se fumar para conseguir aparecer alguma fumaça na cena e dar um ar de mistério para o nosso pequeno filme (já que não tínhamos comprdo gelo seco!).

Boas recordações! Realmente me trazem felicidade. Mas é só sobre essas memórias é que posso conversar com você. O presente revela como temos opiniões opostas e a única coisa que nos une é o passado e suas boas lembranças. Mas isso é triste, porque ao falar com você, sinto que não há mais nada a compartilhar. Tenho que me esforçar para tentar manter um assunto, sabendo que, na verdade, você desaprovaria todas as escolhas que tenho feito em minha vida.

Tenho que admitir que o problema não é você. Eu é que a enganei (por puro estado de necessidade) e não revelei as mudanças pelas quais passei. Acho que nem devo definir como mudanças, pois o que aconteceu foi apenas a concretização do que estava latente e que, por muito tempo, tentei controlar.

Meses atrás, até escrevi um poema sobre isso, mas, por ora, não o colocarei aqui. Mesmo sabendo que você não lerá essas linhas descontínuas de texto, prefiro, pelo menos, poupá-la do desespero, que, para mim, é causado pela leitura dos versos desse poema.

Hoje, acredito que passei neste teste. Estou pronto. Prefiro que acabemos tacitamente com isso. Posso me arrepender no futuro, mas eu preciso. Muito. E nada mais. Um abraço é o máximo que posso lhe proporcionar. Seja feliz com o que você já escolheu, porque tenho absoluta certeza de que não é o mesmo que eu desejo.

Música representativa deste post: Stop Crying Your Heart Out - Oasis

sexta-feira, 18 de maio de 2007

Eles não compreendem muito

Eu lembrei de você, minha irmã...


Um galho se quebra



A origem está na semente, simples e nua.

Com vigor, cresce, transforma e cria esperanças.

Nem imagina que suas vistas periódicas da Lua

estão próximas do fim. Estóicas lembranças...



O entusiasmo dissipa-se por vontade alheia.

Como desejava a manutenção dessa fugaz potencialidade!

Mas um corriqueiro ato entremeia
sua inocência. Como era ingênuo nessa idade!




As desilusões pesam. Rachaduras aparecem.

Próximo da queda, sonhos não mais apetecem.

Desacreditado, apenas observa o precipício.


Não importa se ainda lhe resta um vício.

O fim se cristaliza, um corpo que cai.

Uma vida que não foi e que agora se esvai.

sábado, 12 de maio de 2007

Recordação

A melancolia de outrora. Como é bom perceber certas mudanças.
O nada e a multidão

Contatos podem ocorrer de forma diuturna.
A Esperança, velha Esperança
vai perdendo votos nesta suja urna.
E eu, simples eu, já não sei mais como se dança!

A multidão, viva e vazia,
ao meu coração, severos danos faz.
Aguardar pelo início de um novo dia
Talvez seja a única coisa da qual eu sou capaz.

Os sentidos parecem me deter.
O que consigo captar do mundo
gostaria eu poder escolher.

A ínfima gota que resta no fundo
prestes a ser sorvida...
Oh, será este o significado da vida?

sexta-feira, 11 de maio de 2007

O esforço contínuo

Nós podemos girar e girar, mas, um dia, perceberemos que só nos resta escapar.
Rotação
Ignora. Chora. Ignora. Chora. E agora? Vamos embora?
Claro. Declaro. Disparo. Claro. Desamparo?
Desprezo.
Espero. Quero. Espero. Quero. Sincero? Pondero?
Odeio. Meio. Cheio. Odeio. Alheio?
Engano.
Paz. Faz. Paz. Faz. Mas? Lembrarás?
Não. Multidão. Solidão. Não. Perdão?
Tempestade.
Grita. Limita. Grita. Limita. Fita? Excita?
Esqueço. Apreço. Mereço. Esqueço. Endereço?
Adeus.
E o ciclo continua.

sexta-feira, 4 de maio de 2007

Divagações

Noite de sexta-feira. Aqui estou em casa. Poderia sair ou poderia adiantar os compromissos que tenho com a faculdade (estudar para a prova de segunda-feira, fazer o meu projeto de monografia). Mas, aqui estou eu: na frente de um computador, com sono por ter trabalhado mais que o normal nesta semana. Só não sei ao certo definir o meu estado de espírito.
Não posso dizer que estou feliz ou que estou triste. Sinto um estado de letargia que invade o meu ser e impede a abertura do meu "eu" com o mundo. A sensação que predomina é aquela de imunização. Só que a imunização tem os seus aspectos negativos e eu não sei explicar tudo que se passa na minha vida. Ainda mais quando o meu pai chega perto de mim e me diz: "tá na hora de decidir o que você vai fazer na vida.."
Ah, como é difícil compreender a vida. Hoje, por exemplo, ao voltar com o meu amigo Fred para casa, eu comecei a tecer divagações sobre o significado de estar vivo, bem como a definição da almejada felicidade. A única resposta que encontrei (e que sempre repito) é essa: "Eu não sei."
Posso até dizer que é impossível entender e compreender nossas ações, nossas vontades e nossos pensamentos. Como poderia saber o significado de tudo isso se eu faço parte desta situação. O meu olhar é viciado, incoerente e, às vezes, ilógico. Chego a pensar que seria mais fácil conceber idéias absurdas, como as chamadas teorias da conspiração, já que ser coerente e racional demanda um esforço descomunal.
Só que aí eu me pergunto: o que posso fazer? E a resposta certamente se resume em afirmar aquelas três palavras acima citadas: "Eu não sei".
Afinal, acredito que todos nós temos o direito de estar confuso, de não conhecer certos assuntos e até de se abster de certas ações quando não temos certeza e conhecimento suficientes para isso. Sou confuso, estou confuso e talvez serei sempre confuso, mas nada disso me impedirá de seguir sonhando e almejando a velha e conhecida felicidade. Porque a confusão também pode ser denominada caos e, do caos...Ah, eu estou certo de que ainda há de existir o belo, o lírico e o representativo.

quinta-feira, 26 de abril de 2007

Um aniversário representativo

Esse espaço está meio abandonado, eu sei. Mas hoje eu encontrei tempo para escrever algumas palavras. Ainda mais que tenho motivos de sobra para escrever aqui. Hoje é o aniversário do meu amigo Guilherme.
Quem já leu o meu blog, já percebeu que eu citei o Guilherme algumas vezes, mas sem concretamente falar de como ele é um sujeito extraordinário, na acepção mais literal do termo.
Conheço-o há quase quatro anos por ocasião de estudarmos juntos na São Francisco. Posso dizer que já vimos tanta coisa nesse tempo que não é possível descrever toda essa excentricidade e diversidade de situações compartilhadas.
O Guilherme é amigo. É daqueles que você quer estar perto porque sempre traz algo de interessante para dividir com os outros. Confesso que, inicialmente, eu tinha certo medo de sua presença, já que uma amiga nossa da faculdade me falava no primeiro ano que ele não 'ia muito com a minha cara'. Eu me perguntava: o que será que eu tenho que poderia incomodá-lo?
Gradativamente fui conhecendo um pouco mais do Guilherme e percebi que ele tinha um entusiasmo e uma paixão para discutir os mais variados assuntos que acabei por me achar privilegiado. Afinal, o mais marcante para mim foi ter sentido que o ele me ensinou muito e ainda ensina, seja quando eu cometo os meus erros, tenho crises ou até quando perco a noção concreta das coisas.
Mas, felizmente, isso não ficou restrito à São Francisco. Há um ano atrás, nós estávamos prestes a começar a ter aulas de teatro. O espírito eminentemente artístico dele foi a mola propulsora para que eu pudesse resgatar a minha aspiração artística subutilizada e tomasse coragem em seguir o teatro, algo que hoje é além do representativo para mim.
Ainda tem mais. Não bastasse tudo que já acabei de descrever, o Guilherme foi fundamental para que eu consiguisse dissipar idéias que tanto confundiam a minha mente. Como foram essenciais os dias 25 de agosto e 12 de setembro, ambos do ano de 2006. Foi a ampliação dos horizontes, a certeza de que eu sempre posso confiar na sua pessoa, não importa como, onde e o porquê.
Guilherme, caso você leia este pequeno texto, aqui vão os meus sinceros votos de feliz aniversário. Tenho a certeza de que você realmente merece ter sucesso em tudo que você se propuser a seguir. Porque você sempre propaga o questionamento, o inconformismo. Porque você é talentoso, sincero e amigo. Tenho a sorte de ter um amigo como você. Espero que ainda tenhamos muito pela frente, sem deixar, é claro, de aproveitar o que essa vida visceral e latente tem a nos proporcionar.

sábado, 21 de abril de 2007

Aprendizado

Um poema pode dizer tudo. Nem preciso explicar. E ainda mais escrito por Fernando Pessoa, mesmo sendo o heterônimo com o qual eu menos me identificava até hoje, Álvaro de Campos. Contudo, sempre há a possibilidade de mudança de opinião. Ainda bem.

Contudo

Contudo, contudo,
Também houve gládios e flâmulas de cores
Na Primavera do que sonhei de mim.
Também a esperança
Orvalhou os campos da minha visão involuntária,
Também tive quem também me sorrisse.
Hoje estou como se esse tivesse sido outro.
Quem fui não me lembra senão como uma história apensa.
Quem serei não me interessa, como o futuro do mundo.

Caí pela escada abaixo subitamente,
E até o som de cair era a gargalhada da queda.
Cada degrau era a testemunha importuna e dura
Do ridículo que fiz de mim.

Pobre do que perdeu o lugar oferecido por não ter casaco limpo com que aparecesse,
Mas pobre também do que, sendo rico e nobre,
Perdeu o lugar do amor por não ter casaco bom dentro do desejo.
Sou imparcial como a neve.
Nunca preferi o pobre ao rico,
Como, em mim, nunca preferi nada a nada.

Vi sempre o mundo independentemente de mim.
Por trás disso estavam as minhas sensações vivíssimas,
Mas isso era outro mundo.
Contudo a minha mágoa nunca me fez ver negro o que era cor de laranja.
Acima de tudo o mundo externo!
Eu que me agüente comigo e com os comigos de mim.

sábado, 14 de abril de 2007

Canções para sentir

Tanto tempo sem escrever por aqui e já estava com saudades! Nas duas últimas semanas estive tão atarefado, mas sei que as semanas que estão por vir só me deixarão mais preocupado ainda. Dias nos quais comerei pouco, dormirei menos ainda e pensarei no famigerado projeto de monografia e nas temidas provas.
Mas este post não é para tecer comentários sobre como está a minha vida. Trata-se de um post sem um assunto definido ou sem lógica alguma...
De qualquer forma, queria apenas deixar registrada a beleza e a força da música como instrumento para atuar sobre o estado de espírito das pessoas. Para isso, destaco duas canções do ano de 1998 - antigas, é verdade - que voltei a ouvir ultimamente e que transmitiram um conforto para combater a angústia que pairava sobre mim nos últimos tempos.
A primeira é a versão da Fiona Apple para a música escrita pelo John Lennon: "Across the Universe". Não sei definir o meu apreço pela Fiona Apple. Ela foi a minha musa da segunda metade da década de 90. Desde a primeira vez que ouvi a música "Criminal" sabia que se tratava de um talento. Pouco convencional para os ouvintes em geral, mas definitivamente marcante. E "Across the Universe", que faz parte da trilha do filme Pleasantville - A Vida em Preto e Branco (um dos meus filmes favoritos, por sinal), representa a paz e a sabedoria em seu estado quase pleno.
Desde o doce tom de voz da Fiona até a letra delicada e contagiosa da canção, tudo se combina para transmitir uma alegria singela e sem exageros, como a beleza de uma gota de chuva escorrendo pelas pétalas de uma rosa.
Já a segunda música também é do século passado: "No Surprises" do Radiohead. Posso dizer que o que mais impressiona nesta canção é sua melodia, mais até que a própria letra. Os trechos inicial e final são de puro deleite. Proporcionam um estado de deslumbramento que não é comum acontecer.
E mais uma vez tenho que recorrer ao apelo excêntrico e altamente alternativo da voz do Thom Yorke. Eu costumo dizer que respeito o experimentalismo exacerbado do Radiohead, mas que eu ainda não estou preparado para algumas criações musicais produzidas pela banda. Mesmo assim, ouvir o Thom Yorke cantando traz tantas recordações que é inegável como é cativante a sua voz. Vibrante, enigmática e, principalmente, aflitiva.
Só para constar: os clipes destas duas canções são tão belos e representativos que é difícil eu não me emocionar. É a pureza da arte e sua missão de atingir os corações nas mais variadas vertentes.

domingo, 1 de abril de 2007

Pela literalidade do amor

Após ter criado este blog, idéias borbulharam na minha mente sobre possíveis temas para futuras postagens. Um deles era em torno do conceito "amor" e suas variantes, além dos efeitos deste estado psicológico durante a minha vida.
Cheguei a pensar em escrever uma série de postagens, totalizando cinco relatos sobre como o amor afetou a minha visão sobre o mundo. Cinco figuras diferentes, em momentos diferentes e em lugares diferentes. Esbocei, inclusive, inserir mais dois nomes referentes a potenciais amores em curso. Com isso, precisaria escrever sete 'posts' para descrever a minha trajetória em relação a esse sentimento denominado 'amor' e sua inerente intrincabilidade.
Decidi por uma solução mais razoável e coerente. Percebi que contar todas as histórias que vivi não bastava. A minha intenção aqui é fazer um pequeno manifesto. Uma única idéia com um objetivo definido. O nome do manifesto é o título deste post: "Pela literalidade do amor".
Poderia, primeiro, colocar a definição de 'literalidade' encontrada no dicionário, para construir o argumento central desse manifesto. Não o farei. Prefiro a subjetividade e o lirismo. Palavras que correm por nossas bocas como notas musicais de uma bela canção.
Quero dizer, esse manifesto pode ser de uma pessoa só. É a visão particular de um sujeito em sua constante busca do representativo, do único e da felicidade.
A literalidade almejada vem para estremecer a discrição inerente às relações afetivas. Concretizar aquilo que já está nítido. Não é necessário escancarar e viver o amor como ato de revolta às estruturas vigentes da sociedade. O que procuro defender é a imprescindibilidade de não se postergar a felicidade. Encontrar em alguém, em alguma coisa ou em alguma situação o 'topoi' intitulado 'amor', sem ter pudor de se submetr a esse estado de espírito. Não se deve reprimir sensações, pois o importante é buscar aquilo que está evidente, palpável e delimitado.
É lógico que a aplicação da idéia defendida aqui não é imediata. Deve ser realizada progressivamente. Aliás, eu ainda preciso me adaptar a referidos ideais, cuja construção é lenta e ainda se ressente de devidos reparos e aperfeiçoamentos.
Fica, ao menos, o desejo: por um amor desprovido de pudores e hesitações, literal e em estado bruto. Um diamante que brilha intensamente em relação à indiferença reinante.
Acho que Fernando Pessoa resume a idéia central deste post com o seguinte poema:
O amor


O amor, quando se revela,
Não se sabe revelar.
Sabe bem olhar p'ra ela,
Mas não lhe sabe falar.

Quem quer dizer o que sente
Não sabe o que há de dizer.
Fala: parece que mente
Cala: parece esquecer


Ah, mas se ela adivinhasse,
Se pudesse ouvir o olhar,
E se um olhar lhe bastasse
Pr'a saber que a estão a amar!


Mas quem sente muito, cala;
Quem quer dizer quanto sente
Fica sem alma nem fala,
Fica só, inteiramente!


Mas se isto puder contar-lhe
O que não lhe ouso contar,
Já não terei que falar-lhe
Porque lhe estou a falar...

sexta-feira, 30 de março de 2007

O vencedor

Queria escrever um post sobre essa música há um certo tempo. Sábado passado, dia 24 de março, após ter acordado meio-dia e meia (pós festa do calouro da Sanfran), eu passei algumas horas daquela agradável e fervorosa tarde ouvindo músicas antigas, mas que estavam guardadas em algum espaço de minha mente no que concerne a lembranças, no mínimo, significativas.
Ao ouvir essa listagem de canções, prendi a minha atenção ao complexo de versos e melodia que, juntos proporcionam "O Vencedor". Uma canção verdadeira, honesta e pura. Sem rebuscamentos e enfeites supérfluos.
Não me recordava de como essa música se encaixa na minha filosofia de vida. Poderia até utilizar uma expressão jurídica para descrever esta situação: a subsunção e suas premissas (incluindo a minha vida como situação fática para o caso concreto!). Acho que, pelo menos, isso foi alguma coisa das coisas que eu aprendi na faculdade...
Certamente posso dizer que se trata de uma das minhas músicas prediletas do Los Hermanos. Mas não vou me estender muito. Apenas deixo, aqui embaixo, publicada a letra da música. Para que eu não esqueça de quão representativa ela foi, ainda é e tenho certeza de que continuará a ser.
O Vencedor
Olha lá quem vem do lado oposto
e vem sem gosto de viver
Olha lá que os bravos são escravos
sãos e salvos de sofrer
Olha lá quem acha que perder
é ser menor na vida
Olha lá quem sempre quer vitória
e perde a glória de chorar
Eu que já não quero mais ser um vencedor,
levo a vida devagar pra não faltar amor

Olha você e diz que não
vive a esconder o coração

Não faz isso, amigo
Já se sabe que você
só procura abrigo
mas não deixa ninguém ver
Por que será?

Eu que já não sou assim
muito de ganhar
junto as mãos ao meu redor
Faço o melhor que sou capaz
só pra viver em paz.

segunda-feira, 26 de março de 2007

As lições de Simon

Sei que havia prometido escrever sobre Nossa Cidade, a peça que o grupo do qual eu faço parte irá montar nesse semestre na mostra intitulada “Em busca do sagrado” do Teatro Escola Macunaíma.


Mas, preciso antes escrever sobre uma das personagens que eu interpretarei nessa montagem. Trata-se de Simon Stimson. Um incompreendido. Um desiludido, mas que apenas procura ser notado, sentido e vivo.


Quando li pela primeira vez o texto, percebi que o Simon era uma figura extremamente peculiar no ambiente recatado e monótono da cidade fictícia de Grover’s Corners, no Estado de New Hampshire. Como bem diz, durante o primeiro ato, uma outra personagem da peça, o Dr. Gibbs: “ Muita gente não nasceu para viver em cidades pequenas.”


Simon, cuja profissão é regente do coro de senhoras desafinadas na Igreja Congregacional da cidade, não se adapta a esse mundo. Vive angustiado e se afoga na bebida como instrumento de consolo para as decepções e amarguras cotidianas.
Mesmo fazendo uma análise além do que o texto traz para o leitor, penso que o Simon tem a função certa para quebrar o marasmo da cidade, de modo a escandalizar e subverter os padrões moralistas reinantes no início do século XX, especialmente em um lugar onde se vive com o básico, o simples, sem abertura para o incomum.


Dada essa caracterização, eu me apaixonei naturalmente pela personagem. Apesar de haver diferenças entre mim e o Simon, eu senti que interpretá-lo seria uma doce e árdua tarefa. Obstáculos certamente dificultarão o processo de construção da personagem. Contudo, a cada dia que passa, percebo que as diferenças de personalidade vão se atenuando. Posso até afirmar que existe um Simon em mim que é despertado em momentos esparsos e não menos vivazes.


No terceiro ato, Simon, amargurado, revela a mensagem da peça após ter desperdiçado a sua vida, chegando a uma conclusão sobre esse lapso temporal apenas ao estar na convivência dos mortos.
É um sujeito singular e inebriante em todos os sentidos. Capta o mundo e suas sensações, sem ter aproveitado a vida de forma suficientemente feliz. Enxergou a desatenção dos seres humanos aos detalhes mais sublimes e exuberantes de cada momento da vida. Com certeza, é uma lição da qual jamais esquecerei.

quarta-feira, 21 de março de 2007

Simplesmente bela

É incrível como podem acontecer eventos tão inesperados em lugares inusitados! Hoje foi um dia marcado pela passagem de uma deusa pela São Francisco. A belíssima, estonteante e monumental Fernanda Lima iluminou e despertou a minha gana de sentir as emoções à flor da pele.
Estava compenetrado em uma aula corriqueira de Direito Tributário quando o meu amigo Guilherme me mandou uma mensagem e eu tomei ciência da presença mais que especial de Fernanda Lima no histórico prédio da Sanfran. Não hesitei. Saí imediatamente da sala e passei a procurá-la pelos três andares da faculdade.
Não consigo definir o que se passava na minha mente, mas posso dizer que, com o passar dos minutos, eu cada vez mais tinha vontade de me deparar com a beleza e o charme dela. Cheguei a entrar na sala do terceiro ano - turma ímpar - apenas para procurá-la.
Momentos depois, a expectativa se concretizou. Ela estava no museu do primeiro andar, sentada no sofá mais confortável da faculdade. Nem precisei de algum tempo para tomar coragem para me aproximar dela. Ao vê-la, eu simplesmente fiquei boquiaberto e não pensei duas vezes: tinha que tirar uma foto para registrar esse evento único.
Perguntei se poderia tirar uma foto com ela. Ela concordou sem titubear e me convidou para sentar ao lado dela, batendo com a palma da mão direita no sofá. Eu, no outro pólo da relação comunicativa, nervoso diante de onírica imagem, sentei perto dela, só que do lado esquerdo.
Os segundos seguintes foram cinematográficos. Poderia me alongar na descrição de Fernanda Lima, abusando das formas sinestésicas: um sorriso perfumado, seu cheiro adocicado, seu cabelo radiante encostando na minha face, etc. Mas, não é necessário. Ela é linda. Formosa. Fez meu coração disparar como num bom e velho clichê. E mais, ela me atendeu e prestou atenção em mim, mesmo que tenha sido por menos de cinco segundos. Breves longos segundos.

domingo, 18 de março de 2007

Boa sorte

Hoje é domingo! Sim, dia de Macunaíma e de vivenciar as experiências magníficas do teatro. Mas, hoje não será como os outros domingos. Meu grande parceiro não só de teatro mas de frustrações franciscanas, o Guilherme, não estará lá, infelizmente.


Desde que entramos no Macunaíma no ano passado, nós nunca faltamos a um domingo sequer. Não poderíamos deixar de ir ao recinto que tantas coisas boas nos traz. Só que hoje o Guilherme não poderá comparecer a mais um dia de preparação da montagem de nossa peça. Ele estará, no mesmo horário, fazendo a prova da Defensoria Pública para conseguir uma vaga de estágio.


Hoje será diferente, estranho, incomum. Não ter a presença de alguém que tanto representa o teatro para mim. Quem me conduziu a esse mundo fabuloso, onírico das artes cênicas.


A ausência será notada e sentida. No entanto, só me resta torcer para que dê tudo certo no concurso e o resultado seja atingido! E que, no próximo domingo, eu possa ter a oportunidade de vê-lo em cena novamente, meu amigo. Boa sorte!

quarta-feira, 14 de março de 2007

Ele é um bom companheiro...

Amanhã, dia 15 de março, é o aniversário do grande Frederico! Grande em relação ao que representa, porque, convenhamos, seu tamanho não é dos mais imponentes. Um ano de convivência, intimidade e um vasto conjunto de situações inusitadas compartilhadas.


Eu lembro do nosso primeiro contato. Era uma tarde ensolarada de março. Eu estava cheio de dúvidas, na companhia do meu pai, quando vi, entre seus pares, o Fred! Brilhante, simpático, dotado de uma imagem cativante, proveniente, talvez, de suas elegantes vestes azuis. Até meu pai aprovou a concretização desse laço, não apenas de utilidade, como também de amizade.


Reconheço que a nossa relação inicial foi conturbada. Eu, inexperiente, tentava domar os ímpetos deste esperto paladino azul. Como eu o maltratei! Foram pequenos choques oriundos da minha constante distração. Mas hoje estou mais atento e não voltarei a maltratá-lo, eu prometo!


Mesmo diante das adversidades, ele jamais me abandonou. Acompanhou-me, valente e seguro, em longos trajetos de ida e volta da São Francisco! Apenas um pequeno problema abalou a saúde dele em meados do mês de outubro. Revigorado, continua a seguir os meus passos nessa rotina estressante na cidade de São Paulo.

Não posso deixar de citar que o Fred conheceu, nesses 365 dias de vida, muitos amigos. Mas, como eu fui um bom professor, ele aprendeu a escolher, de forma criteriosa, os amigos. Só pessoas especiais podem ter um vínculo maior com ele. Raramente algum terceiro distante vem a ter um contato com o Fred.


Observador fiel, ele não reclama dos absurdos e das inusitadas ações que eu realizo, porque ele entende os meus pensamentos. Apesar dos atos esporádicos cometidos por mim e que atingem a moral vigente, ele nunca reclama! Mas tem uma explicação. O lema de vida do Fred é simbolizado pelas iniciais D.S.O. Trata-se da defesa incondicional efetuada por ele em relação a um dos direitos fundamentais da pessoa humana! E eu concordo plenamente!


Por tudo isso, só me resta desejar muitas felicidades para o Fred! Muitos anos de vida para o senhor! Que você continue sendo um amigo presente nessas longas jornadas por dias e noites adentro!

terça-feira, 13 de março de 2007

Fidelidade

A música realmente pode ser extraordinária! Quando achamos que as nossa vidas encontram-se em estagnação, aparece, repentinamente, uma obra musical que mexe com os mais profundos sentimentos.
Domingo passado, estava, desinteressado, navegando pela internet. Entrei no site do youtube para assistir a alguns clipes novos que eu ainda não tinha visto. Ao olhar para a tela, encontrei na página principal um clipe que, instantaneamente, prendeu a minha atenção. Chama-se Fidelity da cantora Regina Spektor.
Admito que não conheço muito sobre a vida e a obra desta excêntrica cantora. Meu primeiro contato foi feito através da parceria que ela fez com os Strokes para a música "Modern Girls & Old Fashioned Men". Essa canção chegou aos meus ouvidos por intermédio do Guilherme, que havia gravado um CD para mim nos idos do ano de 2005.
Uma voz suave e peculiar de uma mulher nascida na Rússia, durante o regime soviético e que, na sua infância, mudou-se com seus pais para Nova Iorque. Pianista, de formação clássica, Regina consegue criar em suas canções uma atmosfera melancólica, intensa e delirante.
Agregando estilos variados de música, ela concebeu essa linda canção chamada Fidelity. Seus versos corridos, com certas paradas nos refrões, esta música constrói o ambiente exato para transportar os meus sentimentos, internos e abstratos, em uma estrutura viva, concreta e real.
Para completar, o clipe dessa música é fenomenal. Desde o início, com a utilização marcante das cores branca e preta, acrescido da presença exótica de Regina (e seus lábios de puro vermelho) e de seu companheiro sem cabeça e mãos, o clipe é de uma sutileza ímpar.
Quando o seu companheiro é devidamente materializado e uma gama de cores é lançada como artifício de uma daquelas brincadeiras juvenis, o clipe adquire uma alegria inocente, genuína, atuando como contraponto à rigidez inicial.
Assim, da concepção e materialização de belos contrastes, cria-se uma obra singular, mas ao mesmo tempo, universal. Singular, pela sua estética. E universal, porque os belos versos desta canção atingem a todos os corações angustiados nesse mundo. Um mundo belo, ainda que marcado por grandes contrastes.

sexta-feira, 9 de março de 2007

O brilho da vida

Segunda semana de aula na São Francisco: mais um período de alegrias, angústias e desespero pelos galhos desta árvore que representa a minha vida.
Devo admitir que vivo um momento de esgotamento físico e, principalmente, mental. Poucas horas de sono, rotina meio atribulada, trânsito, calor insuportável e outras agravantes presentes no meu cotidiano.
Mesmo com situações muito desagradáveis, como o complexo mundo de uma desprezível disciplina denominada Organizações Internacionais, eu considero necessário colocar em evidência os pequenos brilhos dessa semana. Momentos nos quais passei por ótimas sensações que, inclusive, conseguiram atingir o âmago do meu ser, fazendo com que eu realmente me sentisse vivo!
A presente semana que se esvai foi marcada pela constatação de que nas pequenas e simples situações do dia-a-dia reside uma beleza e uma alegria particulares.
Obviamente, tal visão é em larga medida baseada na mensagem transmitida pela peça Nossa Cidade, do escritor americano Thornton Wilder (que ainda será tema de um futuro post). Trata-se da idéia de valorizar cada momento deste lapso temporal correspondente ao que chamamos de "vida".
Não me atrevo a dissecar todas as discussões metafísicas referentes ao conceito de "vida", mas posso categoricamente construir essa proclamação: "Sim! Estou vivo e eu adoro isso!"
São certos episódios que compõem a nossa vida. Um simples pão de queijo pode representar uma felicidade intensa para um corriqueiro dia. Hoje, por exemplo, tive uma agradável surpresa: reencontrei alguém que, em tão pouco tempo, tornou-se uma figura significativa para mim. Eu percebi que essa ausência evidenciou o estado de incompletude latente que me acometia, mas que eu, teimoso, continuava a negar. Foram alguns minutos de conversa. Algo simples. Belo. Encantador.
Observar fixamente seus traços, ouvir sua voz, ver fotografias de viagem. Reconheço que, em uma visão utilitarista, tais ações seriam insignificantes. No entanto, o meu mundo não é mais útil. Quero qualificá-lo de outro modo: intenso, apaixonante e, como não poderia deixar de ser, representativo.
Filme representativo deste post: Hora de Voltar (Garden State) - diretor: Zach Braff

segunda-feira, 5 de março de 2007

Pão de queijo

Ah...como eu queria ser um pão de queijo hoje! Poderia ser por apenas alguns segundos...
Mas, tudo bem. Eu ainda vou ser um delicioso pão de queijo! Bem apetitoso e que vai ficar bastante naquela boca...

sexta-feira, 2 de março de 2007

Around the world

Hoje uma das músicas mais recorrentes do ótimo ano de 1996 passou pela minha mente. Na verdade, não considero excelente essa canção, mas o seu videoclipe é incrível e cativante.
Primeiro, devo dizer que tal música voltou a borbulhar em meu cérebro devido a uma daquelas situações inusitadas...
Estava na monótona aula de Organizações Internacionais, por volta das nove e quarenta da manhã quando o professor, com o seu inglês relativamente peculiar, soltou algo do tipo: "...é uma alguma coisa...around the world".
Apesar de eu estar viajando naquele instante (eu nem sabia sobre o assunto tratado!), tais palavras acessaram a minha memória em uma das boas lembranças dos meus longínquos dez anos de idade.
Essa canção, Around the world, é da dupla francesa Daft Punk. Dois franceses excêntricos, poder-se-ia dizer. Raramente mostram seus rostos e vivem sob um vestuário robótico. Mesmo não gostando muito desse estilo musical, penso que eles conseguiram criar essa música intensa, elétrica e, inclusive, inspiradora! Como três palavras banais, repetidas incessantemente, podem significar tanta coisa para mim e meus sonhos e devaneios!
Além do mais, tenho que ressaltar o videoclipe dessa canção, dirigido pelo magnífico e excepcional diretor francês Michel Gondry.
Com sua estética peculiar e elementos de luz e fotografia marcantes, Gondry criou um cenário básico e preciso para esse clipe. Sem grandes efeitos especiais e tecnológicos, ele conseguiu criar uma excêntrica atmosfera.
Utilizando-se de dançarinos em roupas peculiares (as múmias, os robôs, os esqueletos, as moças em trajes de natação e os bizarros gigantes), Gondry construiu uma obra de exatos quatro minutos, que, para mim, representa uma jóia rara.
Não sei definir o motivo do meu encantamento. Toda vez que assisto a esse clipe sinto uma alegria e um deslumbramento espontâneos. Trata-se da maravilhosa união entre música e imagem que tanto eu gostaria de explorar.
Enquanto isso não ocorre, assista a esse clipe e enjoy!

quarta-feira, 28 de fevereiro de 2007

Nevoeiro passageiro...

Hoje o dia foi difícil! Quase tudo dando errado, mas, mesmo assim, sinto uma estranha felicidade. Isso porque, apesar de todas as adversidades (trânsito infinito para chegar na faculdade, gripe, marasmo no estágio, etc.), nesse exato instante - quase nove horas da noite - eu realmente me convenci de que o melhor a se fazer é pensar em coisas positivas.
Acabei por concluir que não adianta ficar se lamentando e choramingando por aí. Como um grande amigo meu (também conhecido como Mr. Brightside) já falou para mim diversas vezes, "ainda tem tanta coisa boa para acontecer nessa vida, não é verdade?" Que a minha parcela "Sinistre" seja apagada e eu consiga finalmente seguir em frente - e lá vem o clichê! - sem medo de ser feliz!
Aqui vai um poema muito especial. É representativo ao extremo para mim.
MÃOS DADAS
Não serei o poeta de um mundo caduco.
Também não cantarei o mundo futuro.
Estou preso à vida e olho meus companheiros.
Estão taciturnos mas nutrem grandes esperanças.
Entre eles, considero a enorme realidade.
O presente é tão grande, não nos afastemos,
Não nos afastemos muito, vamos de mãos dadas.
Não serei o cantor de uma mulher, de uma história,
não direi os suspiros ao anoitecer, a paisagem vista da janela,
não distribuirei entorpecentes ou cartas de suicida,
não fugirei para as ilhas nem serei raptado por serafins.
O tempo é a minha matéria, o tempo presente, os homens presentes,
a vida presente.
Carlos Drummond de Andrade

sexta-feira, 23 de fevereiro de 2007

A pedra fundamental!

É o começo! Sim, depois de uma série de hesitações (a tão conhecida insegurança), eis que surge o primeiro blog na vida deste particular ser de vinte e uma primaveras.
É óbvio que não será um blog público, tendo em vista todas as vicissitudes que me aterrorizam perenemente. Trata-se de um singelo espaço no qual colocarei algumas idéias que borbulham na minha mente, além de ser uma tentativa de expor e compartilhar experiências e relatos diversos sobre o que já aconteceu e o que está acontecendo na minha, digamos assim, profícua vida.
Como este é o primeiro post, devo reconhecer que se faz necessário explicar a origem e as razões do nome deste blog. Para aqueles que não estão familiarizados com a língua francesa, vale escrever a sua tradução: "EM BUSCA DO REPRESENTATIVO".
Mas, alguém pode se perguntar: "por que o César colocou o nome do seu blog em francês?"
Ora, sou estudante da língua francesa há dois anos. Incentivado por uma grande amiga, decidi adentrar o mundo até então misterioso desse idioma inebriante. Na primeira aula, achei tudo tão estranho...Uma língua complexa e cheia de particularidades! Como poderia fazer o famoso biquinho?
Mas - como a maioria das coisas que acontecem na minha vida - após um início conturbado, a era da bonança surgiu! Acabei por encontrar o encanto do francês! Finalmente, passei a ser capaz de ler os poemas originais daquele que é um dos meus poetas favoritos: Charles Baudelaire. Sei que existem outros poetas franceses de grande qualidade, Rimbaud, Mallarmé e tantos outros...Só que, para mim, Baudelaire é especial, não abro mão e ponto!
Agora, explicado isso, passo a expor o significado da expressão que dá nome a este blog. Confesso que é um complexo de discussões, situações e constatações do que tenho feito ultimamente. "Em busca do representativo" traz a idéia basilar das relações humanas em geral. Ou seja, estamos todos nós em um processo contínuo de encontrar o "representativo", aquilo que é concebido como fonte de energia para que possamos ativar a mola propulsora que rege a nossa vida.
Não digo que o "representativo" que estou aqui descrevendo corresponda à idéia do mundo como representação, construído pelo excepcional filósofo alemão Arthur Schopenhauer. A minha despretensiosa tese apenas traz a noção de que precisamos sempre construir o "representativo", porque são pessoas, momentos, etc, que deixam marcas indeléveis em cada um de nós.
Por isso, sinto-me feliz ao acessar áreas do meu cérebro que, sendo redundante, representam o "representativo". Obviamente, não digo que todas as relações que eu tenho com as pessoas são representativas. E até é bom que não sejam!
Assim, vislumbro este blog como mais um dos instrumentos nessa incessante busca do representativo em minha vida. Não que este espaço seja um simples objeto do meu egoísmo, longe disso! Comentários, mesmo raros, sempre serão de grande valia para fortificar essa jornada incansável, mas, ao meu ver, necessária e vital.
Música representativa deste post: Should I stay or should I go - The Clash