sexta-feira, 25 de maio de 2007

Sob teste

Eu sempre fui discreto na minha vida. Fiz loucuras, besteiras e outras excentricidades bem longe do burburinho ao meu redor. Acredito que resguardar este lado realmente traz a garantia de que eu não seja traído ou de que eu não tenha a minha confiança abalada.

Hoje, deparei-me com um verdadeiro teste. Na verdade, sinto que todos os dias da minha vida representam um teste para mim, já que sempre há a necessidade de se provar a autenticidade e a honestidade nas relações com os outros. Obviamente, pessoas 'fundamentalistas' são mais difíceis de se lidar. Ainda mais, quando você conhece alguém há treze anos, meados da terceira série, mas que mantém o mesmo pensamento ultrapassado e 'bitolado' de anos passados.

Ah, é triste ter que reviver sensações de um tempo em que eu era bobo, fechado e estupidamente presunçoso. Adjetivos que me qualificavam, mas que apenas tinham como função me proteger das intempéries que ocorreriam, caso eu decidisse colocar em prática as minhas revoltas, dissipando o medo que me atormentava constantemente.

É inegável que momentos felizes, engraçados e inesquecíveis foram compartilhados entre nós. Quando ainda nos falamos (duas ou três vezes no ano, pelo telefone), rimos das situações pretéritas, o que não impede a amarga conclusão (de minha parte) de que não nos resta mais nada: só lembranças, lembranças..algumas boas lembranças...

Passamos por muitas coisas boas. Eu me recordo de como nós mandávamos na escola, principalmente no colegial. A referência para o bem e para o mal. Como não esqueço de quando fomos severamente repreendidos pelo estúpido professor por não ter feito um trabalho de história. Nosso orgulho ficou tão ferido que acabamos fazendo o melhor trabalho sobre o holocausto (e um dos melhores trabalhos da minha vida!).

Se não queríamos fazer nada, não havia professor, nem mesmo a diretora 'idiota', para nos impedir. Pôquer durante a aula, ficar viciado em jogar Uno, chegando ao cúmulo de trazer umas quinze pessoas da sala pra jogar...Não estudávamos muito e conseguíamos ir bem nas provas, mesmo que, no final, quase nada tenha sido aprendido.

Mas, o que mais lembro é que também fizemos alguns curtas interessantíssmos, desde os tempos da sétima série (o ano de 1998). Foram filmagens inesquecíveis. O jornal de TV que fizemos, a filmagem do protesto 'fake' que agitamos na escola, a gravação no ateliê de artes (que antes era um galinheiro!). Sem falar nos curtas de terror, acho que foi em 2000, com aquelas cenas de festa (tocando as medíocres músicas de boy band), copos aterrorizantes, a necessidade de se fumar para conseguir aparecer alguma fumaça na cena e dar um ar de mistério para o nosso pequeno filme (já que não tínhamos comprdo gelo seco!).

Boas recordações! Realmente me trazem felicidade. Mas é só sobre essas memórias é que posso conversar com você. O presente revela como temos opiniões opostas e a única coisa que nos une é o passado e suas boas lembranças. Mas isso é triste, porque ao falar com você, sinto que não há mais nada a compartilhar. Tenho que me esforçar para tentar manter um assunto, sabendo que, na verdade, você desaprovaria todas as escolhas que tenho feito em minha vida.

Tenho que admitir que o problema não é você. Eu é que a enganei (por puro estado de necessidade) e não revelei as mudanças pelas quais passei. Acho que nem devo definir como mudanças, pois o que aconteceu foi apenas a concretização do que estava latente e que, por muito tempo, tentei controlar.

Meses atrás, até escrevi um poema sobre isso, mas, por ora, não o colocarei aqui. Mesmo sabendo que você não lerá essas linhas descontínuas de texto, prefiro, pelo menos, poupá-la do desespero, que, para mim, é causado pela leitura dos versos desse poema.

Hoje, acredito que passei neste teste. Estou pronto. Prefiro que acabemos tacitamente com isso. Posso me arrepender no futuro, mas eu preciso. Muito. E nada mais. Um abraço é o máximo que posso lhe proporcionar. Seja feliz com o que você já escolheu, porque tenho absoluta certeza de que não é o mesmo que eu desejo.

Música representativa deste post: Stop Crying Your Heart Out - Oasis

sexta-feira, 18 de maio de 2007

Eles não compreendem muito

Eu lembrei de você, minha irmã...


Um galho se quebra



A origem está na semente, simples e nua.

Com vigor, cresce, transforma e cria esperanças.

Nem imagina que suas vistas periódicas da Lua

estão próximas do fim. Estóicas lembranças...



O entusiasmo dissipa-se por vontade alheia.

Como desejava a manutenção dessa fugaz potencialidade!

Mas um corriqueiro ato entremeia
sua inocência. Como era ingênuo nessa idade!




As desilusões pesam. Rachaduras aparecem.

Próximo da queda, sonhos não mais apetecem.

Desacreditado, apenas observa o precipício.


Não importa se ainda lhe resta um vício.

O fim se cristaliza, um corpo que cai.

Uma vida que não foi e que agora se esvai.

sábado, 12 de maio de 2007

Recordação

A melancolia de outrora. Como é bom perceber certas mudanças.
O nada e a multidão

Contatos podem ocorrer de forma diuturna.
A Esperança, velha Esperança
vai perdendo votos nesta suja urna.
E eu, simples eu, já não sei mais como se dança!

A multidão, viva e vazia,
ao meu coração, severos danos faz.
Aguardar pelo início de um novo dia
Talvez seja a única coisa da qual eu sou capaz.

Os sentidos parecem me deter.
O que consigo captar do mundo
gostaria eu poder escolher.

A ínfima gota que resta no fundo
prestes a ser sorvida...
Oh, será este o significado da vida?

sexta-feira, 11 de maio de 2007

O esforço contínuo

Nós podemos girar e girar, mas, um dia, perceberemos que só nos resta escapar.
Rotação
Ignora. Chora. Ignora. Chora. E agora? Vamos embora?
Claro. Declaro. Disparo. Claro. Desamparo?
Desprezo.
Espero. Quero. Espero. Quero. Sincero? Pondero?
Odeio. Meio. Cheio. Odeio. Alheio?
Engano.
Paz. Faz. Paz. Faz. Mas? Lembrarás?
Não. Multidão. Solidão. Não. Perdão?
Tempestade.
Grita. Limita. Grita. Limita. Fita? Excita?
Esqueço. Apreço. Mereço. Esqueço. Endereço?
Adeus.
E o ciclo continua.

sexta-feira, 4 de maio de 2007

Divagações

Noite de sexta-feira. Aqui estou em casa. Poderia sair ou poderia adiantar os compromissos que tenho com a faculdade (estudar para a prova de segunda-feira, fazer o meu projeto de monografia). Mas, aqui estou eu: na frente de um computador, com sono por ter trabalhado mais que o normal nesta semana. Só não sei ao certo definir o meu estado de espírito.
Não posso dizer que estou feliz ou que estou triste. Sinto um estado de letargia que invade o meu ser e impede a abertura do meu "eu" com o mundo. A sensação que predomina é aquela de imunização. Só que a imunização tem os seus aspectos negativos e eu não sei explicar tudo que se passa na minha vida. Ainda mais quando o meu pai chega perto de mim e me diz: "tá na hora de decidir o que você vai fazer na vida.."
Ah, como é difícil compreender a vida. Hoje, por exemplo, ao voltar com o meu amigo Fred para casa, eu comecei a tecer divagações sobre o significado de estar vivo, bem como a definição da almejada felicidade. A única resposta que encontrei (e que sempre repito) é essa: "Eu não sei."
Posso até dizer que é impossível entender e compreender nossas ações, nossas vontades e nossos pensamentos. Como poderia saber o significado de tudo isso se eu faço parte desta situação. O meu olhar é viciado, incoerente e, às vezes, ilógico. Chego a pensar que seria mais fácil conceber idéias absurdas, como as chamadas teorias da conspiração, já que ser coerente e racional demanda um esforço descomunal.
Só que aí eu me pergunto: o que posso fazer? E a resposta certamente se resume em afirmar aquelas três palavras acima citadas: "Eu não sei".
Afinal, acredito que todos nós temos o direito de estar confuso, de não conhecer certos assuntos e até de se abster de certas ações quando não temos certeza e conhecimento suficientes para isso. Sou confuso, estou confuso e talvez serei sempre confuso, mas nada disso me impedirá de seguir sonhando e almejando a velha e conhecida felicidade. Porque a confusão também pode ser denominada caos e, do caos...Ah, eu estou certo de que ainda há de existir o belo, o lírico e o representativo.