segunda-feira, 21 de abril de 2008

Cinco anos

"Não se trata de opressão. Não se quer repressão. Tudo em três tempos. Passado, presente e futuro se fundem sem a menor parcimônia. Confundem-se os estados físicos e as respostas almejadas parecem escorregar e acabar com a promessa de tranqüilidade e paz.

A intenção é honesta. O desejo, por sua vez, não indica a totalidade da relação.

A visão é perturbada por obstáculos e concebe-se a infinita criação de universos paralelos, oníricos. Não é como o império da fantasia. Os mais velhos nos ensinam e temperam nossas vidas com o mínimo de razão para intervir nas irracionalidades inconscientes que acabam por engessar os movimentos naturais.

Prendem-se os impulsos e tolhe-se a liberdade. O cenário se apresenta árido e desgostoso e chega-se à conclusão de que contemplar não basta. É necessário agir. Viver. Cair no mundo real, nas incertezas, que podem resultar em decepções ou em conquistas. Precisa-se sair do confortável e encarar a realidade, com sua crueldade e seus perigos. Tropeçar, cair, sangrar...nem que seja necessário se machucar.
Os três tempos são indissociáveis e fazem parte de nossa própria constituição. Relegar qualquer um deles é eliminar uma esfera essencialmente importante, acabando por criar um vácuo indelével e difícil de ser reconstituído.

Quero ser eu. Ontem, hoje, amanhã.

Sempre."

Em poucas palavras, é o meu resumo, minha visão particular de "Assim que passem cinco anos", peça que o grupo "Santos e Poetas" monta neste semestre.

domingo, 20 de abril de 2008

Rasguem-se as roupas!

Nosso país gosta de imitar. Adotar costumes de outros lugares sem levar em consideração as nossas próprias particularidades. Desconsideram-se fatores como o calor, as chuvas, a umidade pelo simples fato de seguir alguma tendência vinda do 'estrangeiro'.

Sempre me senti incomodado pela prática imposta de usar terno e gravata para dar um tom mais formal para o ambiente. Peças de vestuário fabricadas com tecidos altamente pesados, típicos do continente europeu, temperado e até polar, por que não?

Assim, quando caminho pela Paulista diariamente e vejo um batalhão de pessoas engravatadas em um estado desconfortável, eufemisticamente falando, eu me pergunto onde isso vai parar. Os homens suam, sofrem e trabalham todos os dias como cabide deste tipo de roupa e qual é a razão para isso?

Para atender costumes arcaicos, elitistas e totalmente em descompasso com o nosso contexto.
Mas o problema não é apenas fisiológico. Revela a ideologia impregnada neste simples fato de ser importante usar roupas que o diferenciem do plebe, do resto da sociedade (a maioria).

Você é mais respeitado por usar tal roupa. Parece que se adquire um status completamente distinto do chamado comum, ordinário. Dou um exemplo de tal situação, que ocorreu comigo mesmo.
Meu chefe ligou para mim e chamou para ir até uma audiência porque ele precisva entregar alguns papéis para mim. Chegando no prédio, usando uma calça jeans velha e uma camiseta vermelha, apresentei a minha carteria funcional (sendo que nem funcionário eu sou!) e consegui livre acesso. Mas, ao entrar na sala de audiência, eis que ocorre o equívoco: o secretário pensou que eu era um réu. Isso porque semanas antes eu tinha acompanhado meu chefe, mas naquela vez, estava eu de camisa e calça sociais.

Nada aconteceu comigo na ocasião, já que meu chefe estava na sala e avisou depois que eu trabalhava para ele. O que importa, todavia, é que um simples equívoco banal pode representar a visão da sociedade sobre determinado assunto.

Não me senti ofendido por ser chamado de réu, mas fiquei profundamente indignado com o parâmetro utilizado para se classificar as pessoas dentro de nossa sociedade pelo fato de usar certo tipo de roupa.

O problema é que isso é comum. Discute-se também a capacidade de alguém até pelo fato de ela usar um piercing ou andar de barriga de fora. O mundo anda se preocupando com tantas banalidades que às vezes penso que estes padrões apenas servem como instrumento de controle. Avaliar a conduta de uma pessoa por aspectos meramente estéticos revela quão perdidas estão as pessoas, mas até a que ponto chegaremos?

sexta-feira, 18 de abril de 2008

O nosso maior inimigo

Paremos para pensar um pouco. Custava-me a acreditar que o pior crítico de nossas ações é invisível. Abstrato e insistente, acaba por asfixiar e reprimir qualquer desvio.

Trata-se do crítico que convive 24 horas diárias. Aquele que acorda com você, passa o dia inteiro ao seu lado e, por fim, acaba por ir para sua cama e até nos seus sonhos intervir.

Este crítico é simplesmente quem? Nós mesmos.

A auto-censura é a constatação de que o nosso maior carrasco não é algum 'segundo', terceiro ou qualquer. Afinal, nós não podemos escapar de nós mesmos. A crítica imposta pelos outros é assimilada de forma muito fácil, pois mesmo na hipótese de não concordar com a opinião de alguém, certo é que em alguns segundos, minutos ou horas, não estaremos mais na companhia de tal pessoa.

A única perseguição implacável é feita pelo nosso próprio eu. Presença constante e indissociável, acaba-se por criar mecanismos que procuram enganar este nosso crítico ferrenho. A sistemática é relativamente absurda, mas apresentaum grau de plausibilidade enorme. Tenta-se enganar, fingir e driblar este que o persegue, mas, no final, não há saída.

O primeiro passo para a uma vida saudável deve ser a construção de um relacionamento de confiança entre você e você mesmo. Se nem isso pode ser concretizado, posso concluir que algo de grave e errado está acontecendo, já que enganar a si mesmo é fraudar aquele que o conhece e que conviveu a vida inteira com você.

Ou passemos a encarar a realidade objetiva, ignorando o auto-censor presente em nós, resolvendo as pendências que escondemos lá no fundo, onde ninguém tem acesso, ou acabemos todos presos nas nossas próprias armadilhas, muito mais difíceis de serem resolvidas se comparadas com a crítica do outro.

quarta-feira, 16 de abril de 2008

Prêt!

É o recomeço deste blog. Está na hora de voltar a movimentar este espaço representativo.

Música representativa do post: Off the Record - My Morning Jacket