terça-feira, 28 de agosto de 2007

Uivo

O pão de queijo foi jogado fora, definitivamente.

A desilusão até surgiu em um primeiro instante, mas as horas do dia fizeram desaparecer a visão sinistra que tinha imaginado para este post.

Agora, com os ânimos controlados, sinto que foi mais um capítulo que se encerra, mas que outro se abre, com a imensidão de oportunidades por aí, esperando para serem aproveitadas.

Como disse em um dos posts anteriores, a vida tem intempéries ocasionais. Só que agora tenho a sensação de que estou mais forte para enfrentar essas adversidades.

E o melhor, sem medo de continuar a trilhar o meu caminho.

E aqui transcrevo um dos meus poemas favoritos do grande Manuel Bandeira:

Poética
Estou farto do lirismo comedido
Do lirismo bem comportado
Do lirismo funcionário público com livro de ponto expediente protocolo e [manifestações de apreço ao Sr. diretor
Estou farto do lirismo que pára e vai averiguar no dicionário o cunho vernáculo de um vocábulo
Abaixo os puristas
Todas as palavras sobretudo os barbarismos universais
Todas as construções sobretudo as sintaxes de exceção Todos os ritmos sobretudo os inumeráveis
Estou farto do lirismo namorador
Político
Raquítico
Sifilítico
De todo lirismo que capitula ao que quer que seja fora de si mesmo
De resto não é lirismo
Será contabilidade tabela de co-senos secretário do amante exemplar [com cem modelos de cartas e as diferentes maneiras de agradar às mulheres, etc.
Quero antes o lirismo dos loucos
O lirismo dos bêbedos
O lirismo difícil e pungente dos bêbedos
O lirismo dos clowns de Shakespeare

-Não quero mais saber do lirismo que não é libertação.


Música representativa do post: Howl - Black Rebel Motorcycle Club

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