quarta-feira, 15 de agosto de 2007

Ma bâtarde soeur



Hoje é o dia em que se completa a primeira década. A data foi escolhida por mim porque não há dia exato para se saber quando essa singela e simpática espécie veio ao mundo. Apareceu em nossa casa, em outubro de 1997 e o veterinário havia dito que ela já tinha três meses de idade.


Meu primeiro e único companheiro canino. Bicho de estimação tem um sentido tão pejorativo, que prefiro não defini-la assim. Chegou em nosso lar, de mansinho, com a aquela cara de 'me ajude'. Pura vira-lata, tranqüila, ganhou instantaneamente o carinho e a atenção de todos na casa, com exceção do meu pai. Era tão pequena que suas primeiras noites aqui foram passadas dentro de uma caixa de papelão onde cabiam apenas agumas frutas...


De início, era terminantemente proibida a sua entrada em casa. Que ficasse no gramado, no jardim, mas que não entrasse em casa - dizia o meu pai, avesso à idéia de ter um animal. Eu, por outro lado, sempre quebrava os limites na sua companhia (levava para o quarto , cozinha!). O tempo passou e meu pai cedeu. Começou a tratá-la como o quinto elemento da casa. A irmã que nunca tive e a filha que meus pais não tiveram.


Nessa década de convivência a Tika (este é o nome da homenageada deste post) presenciou todas as transformações, todas as brigas, todas as alegrias da casa. Acompanhou a minha adolescência, o colegial, a entrada na faculdade e todo o processo envolvido desde os meus onze anos de idade.


Nunca esqueço dos dias em que ela esteve próxima da morte. Havíamos viajado para as festas de fim de ano, acho que foi em 1999, e, em virtude disso, teríamos que deixá-la em algum lugar. Diferente do que fazíamos habitualmente, não a levamos ao hotel que fica perto aqui de casa. Minha mãe deixou a Tika aos cuidados da empregada que trabalhava em casa na época e, por isso, a Tika ficou duas semanas em um lugar em que dividia o espaço com outros cachorros, na maioria sem os cuidados veterinários. Quando voltamos, ela estava debilitada, pegou alguma doença e quando a levamos ao veterinário, ele disse que os remédios talvez não fossem suficientes.


Voltamos todos para casa e minha mãe deu os remédios. Antes de ir para a cama, fui até o seu colchãozinho e senti que aquela seria a última vez que poderia vê-la viva. Foi uma noite angustiante. Quando acordei, percebi que ela tinha melhorado timidamente e que daí por diante tudo continuaria a melhor e melhorou! A experiência deixou marcas e a cada dia que a vejo me sinto privilegiado de poder ter a companhia dela.


Ah, sua fidelidade é digna de nota. Inúmeras foram as noites em que estava eu a contemplar a lua e as estrelas, e ela ficava junto de mim, dividindo minhas angústias, minhas constatações e meus desejos e aspirações.


10 anos. Uma década de emoções compartilhadas. Um ser representativo na minha vida, definitivamente.


E claro é 'bâtard'. Comme moi..

2 comentários:

Guilherme Genestreti disse...

É bâtard como vc, sem dúvida! E parabéns para a Tika!!!

Pâmella Lopes disse...

Césaaar!

Fazia tempo q eu naum vinha ki, neh querido???

Pá falar a verdade tÔ passando correndo e naum li todos os seu posts!

Vim msmo pra dizer q t adOro!


BjOs