domingo, 20 de abril de 2008

Rasguem-se as roupas!

Nosso país gosta de imitar. Adotar costumes de outros lugares sem levar em consideração as nossas próprias particularidades. Desconsideram-se fatores como o calor, as chuvas, a umidade pelo simples fato de seguir alguma tendência vinda do 'estrangeiro'.

Sempre me senti incomodado pela prática imposta de usar terno e gravata para dar um tom mais formal para o ambiente. Peças de vestuário fabricadas com tecidos altamente pesados, típicos do continente europeu, temperado e até polar, por que não?

Assim, quando caminho pela Paulista diariamente e vejo um batalhão de pessoas engravatadas em um estado desconfortável, eufemisticamente falando, eu me pergunto onde isso vai parar. Os homens suam, sofrem e trabalham todos os dias como cabide deste tipo de roupa e qual é a razão para isso?

Para atender costumes arcaicos, elitistas e totalmente em descompasso com o nosso contexto.
Mas o problema não é apenas fisiológico. Revela a ideologia impregnada neste simples fato de ser importante usar roupas que o diferenciem do plebe, do resto da sociedade (a maioria).

Você é mais respeitado por usar tal roupa. Parece que se adquire um status completamente distinto do chamado comum, ordinário. Dou um exemplo de tal situação, que ocorreu comigo mesmo.
Meu chefe ligou para mim e chamou para ir até uma audiência porque ele precisva entregar alguns papéis para mim. Chegando no prédio, usando uma calça jeans velha e uma camiseta vermelha, apresentei a minha carteria funcional (sendo que nem funcionário eu sou!) e consegui livre acesso. Mas, ao entrar na sala de audiência, eis que ocorre o equívoco: o secretário pensou que eu era um réu. Isso porque semanas antes eu tinha acompanhado meu chefe, mas naquela vez, estava eu de camisa e calça sociais.

Nada aconteceu comigo na ocasião, já que meu chefe estava na sala e avisou depois que eu trabalhava para ele. O que importa, todavia, é que um simples equívoco banal pode representar a visão da sociedade sobre determinado assunto.

Não me senti ofendido por ser chamado de réu, mas fiquei profundamente indignado com o parâmetro utilizado para se classificar as pessoas dentro de nossa sociedade pelo fato de usar certo tipo de roupa.

O problema é que isso é comum. Discute-se também a capacidade de alguém até pelo fato de ela usar um piercing ou andar de barriga de fora. O mundo anda se preocupando com tantas banalidades que às vezes penso que estes padrões apenas servem como instrumento de controle. Avaliar a conduta de uma pessoa por aspectos meramente estéticos revela quão perdidas estão as pessoas, mas até a que ponto chegaremos?

Um comentário:

Guilherme Genestreti disse...

NOSSA! Revolução verde! César, seu blog está bonito! E seus posts estão diferentes, estão melhores!!! Gostei muito deste, especificamente... Também porque é um assunto que me enforca, literalmente... E adorei o modo como você escreveu o da auto-crítica... E também a sua impressão de "Assim Que Passem...".

Tá excelente! Sério! Pra melhorar, só falta postar mais! Diz que sim, sim, sim, sim!