sexta-feira, 18 de abril de 2008

O nosso maior inimigo

Paremos para pensar um pouco. Custava-me a acreditar que o pior crítico de nossas ações é invisível. Abstrato e insistente, acaba por asfixiar e reprimir qualquer desvio.

Trata-se do crítico que convive 24 horas diárias. Aquele que acorda com você, passa o dia inteiro ao seu lado e, por fim, acaba por ir para sua cama e até nos seus sonhos intervir.

Este crítico é simplesmente quem? Nós mesmos.

A auto-censura é a constatação de que o nosso maior carrasco não é algum 'segundo', terceiro ou qualquer. Afinal, nós não podemos escapar de nós mesmos. A crítica imposta pelos outros é assimilada de forma muito fácil, pois mesmo na hipótese de não concordar com a opinião de alguém, certo é que em alguns segundos, minutos ou horas, não estaremos mais na companhia de tal pessoa.

A única perseguição implacável é feita pelo nosso próprio eu. Presença constante e indissociável, acaba-se por criar mecanismos que procuram enganar este nosso crítico ferrenho. A sistemática é relativamente absurda, mas apresentaum grau de plausibilidade enorme. Tenta-se enganar, fingir e driblar este que o persegue, mas, no final, não há saída.

O primeiro passo para a uma vida saudável deve ser a construção de um relacionamento de confiança entre você e você mesmo. Se nem isso pode ser concretizado, posso concluir que algo de grave e errado está acontecendo, já que enganar a si mesmo é fraudar aquele que o conhece e que conviveu a vida inteira com você.

Ou passemos a encarar a realidade objetiva, ignorando o auto-censor presente em nós, resolvendo as pendências que escondemos lá no fundo, onde ninguém tem acesso, ou acabemos todos presos nas nossas próprias armadilhas, muito mais difíceis de serem resolvidas se comparadas com a crítica do outro.

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